Paraguai pode ter safra recorde, mas nível de rios afeta exportação

Jorge Adorno/Reuters

Soja colhida em Caaguazú, Paraguai

O Paraguai está caminhando para uma safra recorde de soja, mas os exportadores estão preocupados com os baixos níveis dos rios, que estão atrasando os embarques ao longo da importante hidrovia Paraguai-Paraná, com uma seca no Centro-Oeste do Brasil afetando os níveis de água a jusante.

Fontes do setor e uma análise dos dados do nível do rio mostraram que o rio Paraguai, o principal canal usado para as exportações de grãos do país sem litoral, está muito mais raso do que na mesma época do ano passado, afetando as barcaças que transportam grãos rio abaixo.

O Paraguai é o terceiro exportador mundial de soja e está terminando sua colheita da oleaginosa, com uma previsão de produção recorde de 10,4 milhões de toneladas. Entre seus principais exportadores de soja estão a Cargill, a Viterra e a Bunge.

“Os rios baixos significam que as barcaças não podem carregar tanta carga, o que atrasa todo o processo”, disse Sonia Tomassone, assessora de comércio exterior da Capeco (Câmara Paraguaia de Exportadores de Sementes Oleaginosas e Cereais).

No entanto, Tomassone disse que o quadro geral era amplamente positivo, dada a forte produção. Os agricultores ainda estão se recuperando de uma colheita devastada pela seca na temporada 2021/22, que reduziu a produção em mais da metade.

“É um bom volume, apesar dos atrasos”, disse ela.

O nível do rio Paraguai próximo ao importante porto de grãos de Villeta é de 0,74 metro, segundo dados do governo, bem abaixo dos mais de 5 metros registrados na mesma data há um ano. As chuvas recentes aumentaram os níveis que estavam próximos de zero, mas eles continuam críticos.

As exportações de soja do Paraguai totalizaram 2,5 milhões de toneladas nos primeiros três meses do ano, acima do 1,6 milhão de toneladas do ano passado.

No entanto, embora as exportações de soja tenham sido fortes em janeiro e fevereiro, elas diminuíram em março, pois os níveis de água baixaram, devido ao clima seco na região do Pantanal brasileiro, de acordo com a CAPECO.

Isso ocorreu apesar do trabalho de dragagem realizado nos rios Paraguai e Paraná, disse Tomassone.

As hidrovias que transportam barcaças para portos marítimos rio abaixo na Argentina e no Uruguai são essenciais para o Paraguai. Cerca de 80% de todas as exportações de grãos no primeiro trimestre de 2024 ocorreram pelos rios, de acordo com a câmara de esmagamento de grãos do Paraguai, CAPPRO.

Um movimento trabalhista de funcionários do Mapa (Ministério da Agricultura do Brasil) prejudica ainda mais as exportações por via rodoviária, acrescentou Tomassone. O Brasil é um dos mercados da soja paraguaia, que é transportada por caminhão através da fronteira.

“A saída dos caminhões está muito lenta”, disse Tomassone. “A menos que as previsões meteorológicas melhorem, os próximos meses não serão muito animadores (para os exportadores).”

Os meteorologistas alertaram que, apesar de algumas chuvas recentes, as condições de seca nas áreas úmidas do Pantanal, no oeste do Brasil, podem continuar a afetar as fontes dos rios regionais.

“A situação vai melhorar na foz do rio Paraguai, mas (as chuvas) não estão durando”, disse Eduardo Mingo, diretor de meteorologia e hidrologia do Centro Nacional de Meteorologia do Paraguai.

“A situação crítica persiste. A área do Pantanal está em seca há mais de seis meses.”

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