Papa volta a desafiar os jovens, num dia recheado do “amor que suja as mãos”

Os jovens estiveram no centro do terceiro dia da visita do Papa Francisco a Lisboa, marcado também pelo desafio que deixou de que é necessário não ter nojo da pobreza e de sujar as mãos por ela.

O Papa começou a manhã na Cidade da Alegria, onde foi recebido com cânticos dos peregrinos que o esperavam. Francisco ouviu alguns jovens em confissão.

Ainda antes de sair para a Cidade da Alegria, o Papa Francisco encontrou-se com uma mulher portuguesa que nasceu a 13 de maio de 1917, quando ocorreram os acontecimentos em Fátima.

Sumo Pontífice é recebido no Bairro da Serafina por dezenas de moradores

Francisco depois de ter confessado três jovens dirigiu-se para o Bairro da Serafina, onde visitou o Centro Paroquial da Serafina. Dezenas de moradores, fizeram questão de acenar ao Papa quando passasse.

Ao entrar no centro, a banda do centro social tocou o hino da JMJ ao Sumo Pontífice, houve oportunidade para uma moradora erguer a bandeira da Argentina, terra natal do Papa.

“Igreja não é um museu de arqueologia”

Durante a visita ao bairro, Francisco começou por dizer que “é bonito estarmos juntos no contexto da JMJ em que se contempla a virgem que se levanta”.

“A caridade é a origem e meta do caminho cristão, e a vossa presença, a realidade concreta do amor é ação e ajuda-nos a não desviar a rota”, refere.

Mais uma vez, Papa Francisco refere a importância da Igreja estar “junta” na ajuda aos outros, a todos.

“Não nos podemos deixar definir pela doença e problemas, porque não o somos, cada um de nós é um presente, um dom, com os seus limites, mas um dom valioso, para Deus e comunidade. Assim, como somos, que consigamos enriquecer o conjunto”, explica.

Para Francisco, a Igreja não é um museu de arqueologia, mas a “antiga fonte do povo que administra a água às gerações atuais e futuras”. O Sumo Pontífice esclarece que é preciso ter atenção ao aqui e agora, como todos os presentes já estão a fazer.

“Há muita coisa que gostaria de vos dizer, mas os óculos não estão a funcionar e então vou divulgar o discurso, não posso é estar a forçar a vista e a ler mal”, prosseguindo a improvisar sem as palavras escritas

Não há amor abstrato, segundo Francisco, existe amor concreto e “é isso que se quer”.

“O amor que eu sinto por todos vós é concreto ou abstrato? Se eu der a mão a um doente a um marginalizado e tiro logo a mão para não ficar contagiado? Enoja-me, tenho asco à pobreza? É um bocado como a vida destilada, inútil”, continua.

Mesmo sem conseguir ler, Francisco continua a falar para o Centro Paroquial e agradece “do fundo do coração” aos centros sociais presentes. Pede-lhes para não desanimarem e, se o fizerem, que bebam um “copo de água e sigam em frente”.

De regresso à Nunciatura Apostólica tinha um “mar de gente” que o aguardavam, o Papa Francisco cumprimentou quem o esperava, abençoou algumas crianças enquanto se escutava “Viva o Papa!”.

Dez jovens tiveram o privilégio de almoçar com o Papa, três deles eram portugueses. Os restantes do Perú, da Colômbia, do Brasil, das Filipnas, dos Estados Unidos da América, Palestina e da Guiné Equatorial.

Segue-se o caminho para a Via-Sacra

Lentamente, o papamóvel percorreu a Avenida Fontes Pereira de Melo, com o Papa Francisco a acenar e a sorrir para a multidão que o esperava. Metro a metro, o veículo parava para que o Sumo Pontífice cumprimenta-se alguns peregrinos e abençoar bebés.

Papamóvel entra no Parque Eduardo VII e os presentes gritam por Francisco

Depois de várias horas à espera foi o momento que todos os peregrinos aguardavam: o Papa na Colina do Encontro, foi em direção ao palco onde assistiu à Via-Sacra, todos cantavam “esta é a juventude do Papa”.

“Hoje vão caminhar com Jesus”

“Vós, hoje, vão caminhar com Jesus. Jesus é o caminho”, disse o Papa aos milhares de jovens na Colina do Encontro, antes de iniciar a Via-Sacra”.

Francisco recordou que “a cruz que acompanha cada Jornada Mundial da Juventude é o ícone deste caminho, é o sentido maior com que Jesus quer abraçar a nossa vida”.

Depois, pediu aos milhares de jovens que, em silêncio, respondessem a uma questão: “Digam a Jesus, porque choram na vida?”, explicando, antes, que “de vez em quando” também chora.

“Há coisas na vida que nos fazem chorar, todos na vida já chorámos e Jesus chora connosco porque nos acompanha na obscuridade”, afirmou.

Muitos peregrinos não conseguiram conter as lágrimas.

E o Papa Francisco, depois de um percurso com milhares de pessoas nas ruas, e mais 800 mil no Parque, segundo a organização, disse aos peregrinos que Jesus é o caminho e a resposta às lágrimas dos jovens, desafiando-os a acompanhar Cristo para voltarem a sorrir.

Guerra, intolerância, depressão, alterações climáticas e dependências foram algumas das “fragilidades da sociedade que afetam os jovens atualmente” abordadas durante a Via-Sacra, uma prática católica na qual se revive em oração, os 14 momentos das últimas horas de vida de Jesus.

O dia para Francisco terminou como começou, com jovens.

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