Argentina, Costa Rica, Guatemala, Paraguai e Uruguai exigiram do governo venezuelano o “fim do assédio e da perseguição e repressão” contra opositores na Venezuela, além de salvos-condutos para seis refugiados na Embaixada da Argentina em Caracas. A declaração foi feita em um comunicado conjunto, divulgado na sexta-feira 19.
Esses refugiados estão abrigados há mais de 100 dias. Cinco deles são membros da campanha opositora de María Corina Machado, que é representada nas eleições por Edmundo González. A candidatura de María Corina foi inabilitada pela ditadura de Nicolás Maduro.
“Exigimos o fim imediato do assédio e da perseguição e repressão contra ativistas políticos e sociais da oposição, bem como a libertação de todos os presos políticos”, declararam os governos dos países signatários. Eles também pediram a emissão de salvos-condutos ao governo de Maduro para os opositores asilados.
Identidade dos opositores
Há seis opositores refugiados na embaixada da Argentina. Cinco deles são partidários do Vem Venezuela e desempenharam papéis essenciais na campanha.
Eles são Fernando Martínez Mottola, Magalli Meda, chefe do bloco; Claudia Macero, jornalista responsável pela comunicação; Pedro Urruchurtu, coordenador de relações internacionais; Omar González, chefe de campanha em Anzoátegui; e Humberto Villalobos, responsável pela logística eleitoral. Todos enfrentam ordens de prisão por “ações violentas”, “terrorismo” e “desestabilização” do país.
Henri Alviarez, coordenador nacional da organização, e Dinora Hernández, secretária política nacional do partido, foram detidos na rua e agora estão presos. Esses eventos levaram os opositores a solicitar asilo diplomático.
Preocupação com as eleições da Venezuela
Os cinco países signatários também expressaram preocupação com as eleições presidenciais na Venezuela, marcadas para o dia 28. Nicolás Maduro, que busca um terceiro mandato, enfrentará Edmundo González, favorito depois da inabilitação de María Corina.
Na quinta-feira 18, Maduro afirmou que, se derrotado, haveria risco de “banho de sangue” e “guerra civil” no país. O governo brasileiro considerou essa declaração uma bravata, dado que pesquisas mostram González à frente de Maduro.
“Por que eu vou querer brigar com a Venezuela? Por que eu vou querer com Nicarágua? Por que eu vou querer com a Argentina? Eles que elejam os presidentes que quiserem”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira 19.
Segundo interlocutores da área diplomática, o Brasil só atuará na questão se for chamado por representantes de Maduro e da oposição, “dentro do espírito de Barbados”. Esse acordo, mediado pela Noruega com ajuda de países como Brasil, Colômbia e Estados Unidos, prevê eleições livres, justas e aceitas por ambos os lados.
O comunicado conjunto foi divulgado um dia após Maduro chamar o presidente argentino, Javier Milei, de “maldito” e acusá-lo de querer “sabotar” as eleições na Venezuela. O governo argentino reagiu rapidamente.
“O que possa dizer Maduro, um ditador, um imbecil como Maduro, não deixam de ser palavras de um ditador”, disse o porta-voz de Milei, Manuel Adorni. “Preocupa-nos o povo venezuelano, que não haja democracia na Venezuela, em virtude do que possa ocorrer nas próximas eleições.”
Prisão de aliados de María Corina
Em junho, María Corina recebeu ameaças de morte de uma facção criminosa de Zaraza, no Estado de Guárico. A equipe da líder da oposição disse que não foi a primeira vez que ela recebeu ameaças do tipo.
Na quarta-feira 17, María Corina denunciou a prisão de seu chefe de segurança, a menos de duas semanas das eleições. Ela afirmou que a detenção foi uma estratégia para deixá-la desprotegida na reta final do pleito.
No domingo 14, a campanha opositora relatou a prisão de nove pessoas em quatro Estados do país. Esses eventos se somam aos mais de 50 presos políticos contabilizados por ONGs de direitos humanos na Venezuela.
Além de políticos, ativistas e comerciantes que venderam produtos à equipe de María Corina durante comícios também foram detidos.
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