O Brasil e a solidariedade: a impressionante capacidade de mobilização de brasileiros diante de tragédias como a do RS | Globo Repórter
Globo Repórter – O Brasil e a solidariedade – 17/05/2024
O Globo Repórter desta sexta-feira (17) destacou o retrato de um Brasil em estado de solidariedade.
O programa também mostrou histórias de brasileiros que enfrentaram outras tragédias e só conseguiram se reerguer graças à ajuda que receberam. Saiba mais abaixo:
Grupo viajou para ajudar a limpar casas atingidas por enchentes no RS
Grupo de Santa Catarina viaja para limpar casas atingidas por enchentes no RS
No Rio Grande do Sul, voluntários de diversas regiões do Brasil se uniram para ajudar nesse momento dramático que o Sul do país está enfrentando.
O programa acompanhou um grupo de 21 voluntários de Chapecó, Santa Carina, que munidos com o material de limpeza que arrecadaram, oferecem ajuda pelas ruas de Muçum (veja no vídeo acima).
Edneia Aparecida Campagnone, uma das voluntárias, deixou a família segura em casa e pegou a estrada para faxinar a casa de desconhecidos. Ela esteve na cidade em setembro do ano passado, quando ocorreu a primeira grande enchente.
“Entramos nas casas e nos prontificamos a colaborar, limpar, tirar, juntar”, relatou Ed.
Em minutos os voluntários vão retirando a lama grossa que se acumulou nas ruas, nos jardins e dentro das casas.
“Se não fosse os voluntários, seria triste, mais triste ainda”, disse o entregador local, Adriano Mello.
Em Roca Sales, outra cidade atingida pela inundação, apenas com a ajuda de tratores foi possível desobstruir a garagem de um prédio. Jonas, que também esteve na cidade em setembro, voltou agora, com o trator que pegou emprestado do irmão.
“O que mais me emocionou ano passado foi quando nós descarregamos o caminhão, com roupa, comida e teve uma criancinha, que veio até mim e disse: ‘tio, você não tem nem um pirulito para mim?’ E nós não tínhamos nada de doce. Agora, nós estamos trabalhando e todos os tratores têm um saco de pirulito”.
Pela terceira vez a escola em que a Rosane Volken trabalha foi invadida pela água e pela lama. A diretora se emocionou a enfatizar a importância da ajuda para que as mais de 500 crianças e adolescentes tenham logo para onde voltar.
“Graças a eles [voluntários], nós vamos nos reerguer. Na verdade, são anjos e é tudo o que a nossa região precisa”, enfatizou.
O bombeiro aposentado que nunca parou de trabalhar pelo próximo
O bombeiro aposentado que nunca parou de trabalhar pelo próximo
O Rubens Martins distribui refeições por São Cristóvão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, para pessoas em situação de rua e, agora, também ajuda a transportar doações que chegam na Paróquia para as vítimas do Sul até a sede da Ação da Cidadania. Ele conta que já fez muitas viagens dessa.
“Mais de trinta vezes! Nunca é bastante. Está faltando um montão ainda, tem que ter mais pessoas para doar mais coisas que fica melhor ainda”, disse.
Rubens é bombeiro aposentado e já fez salvamento em tragédias emblemáticas do Rio de Janeiro.
“Fui no Morro dos Prazeres, no Morro do Bumba, em Petrópolis, várias vezes, Teresópolis. A última foi agora essa da Baixada […] Eu falo sempre assim: você já imaginou se fosse sua família? Se coloca no lugar daquelas pessoas”, ressaltou.
A gratidão de quem recebeu ajuda em tragédias passadas
A emoção de quem recebeu ajuda em tragédias passadas
O Globo Repórter também foi até Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, onde praticamente todo ano os temporais de verão provocam deslizamentos e deixam vítimas. A Cristiane Gross vivia no Morro da Oficina, a área foi a mais destruída na tragédia de fevereiro de 2022, que deixou 256 mortos.
“Perdi uma filha de 19 anos, o neto de 5 anos, quatro sobrinhos, um bebê de 17 dias, minha sogra, minha cunhada e a minha vizinha que foi se abrigar lá em casa”, contou Cris.
Ela conseguiu mudar para uma casa alugada graças a doações que recebeu.
“Eu tive o apartamento todo mobiliado por amigos. Então, eu não tenho por que ficar revoltada, infeliz. Olha o que as pessoas fizeram e continuam fazendo”.
Hoje a Cris multiplica a rede do bem. “A gente faz um bazar toda semana e com o dinheiro a gente reverte em cesta básica, medicamento. Eu tenho um cadastro com 190 famílias”, disse.
A mensagem aos gaúchos da Pernambucana que conseguiu se reerguer após uma tragédia
Em Recife, a equipe conheceu a casa que a Cleide Silva conseguiu comprar há dez meses, financiada. Uma conquista que alcançou graças à rede de apoio que se formou quando ela perdeu tudo o que tinha dois anos atrás.
Tudo aconteceu no Jardim Monte Verde, que fica entre os municípios do Recife e Jaboatão dos Guararapes. Pouco depois das 6h de um sábado, em maio de 2022, a comunidade acordou com os estrondos do morro desabando durante um temporal. Nove casas foram destruídas. As que ficavam na parte de cima desabaram e soterraram as que ficavam na parte baixa do terreno. Em todo o estado de Pernambuco a tragédia levou 133 vidas.
A casa da Cleide ficava na parte baixa do terreno. Ela sobreviveu a três desmoronamentos seguidos. O primeiro graças ao vizinho, Gabriel, que pulou um muro alto, quando notou que tinha gente dentro da casa da Cleide.
“No desespero ele me levou para casa dele, porque se eu tivesse ido para frente, me refugiar onde estavam se refugiando outras famílias, eu não estaria aqui contando a história […] O Gabriel foi um anjo salvador, enviado por Deus”, ressaltou Cleide.
O universitário, Gabriel de Santana conta como encontrou a Cleide e o marido dela: “Todo mundo em estado de choque”, disse.
“A gente vem ao mundo para ajudar. E sem servir os outros, não temos utilidade”, completou Gabriel.
Questionada sobre o que diria às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, Cleide respondeu:
“Da mesma forma que eu consegui, eles também irão conseguir. Vai ficar na lembrança porque não tem como esquecer, mas irão superar”, destacou.
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