O primeiro candidato a aparecer no boletim de voto para as eleições presidenciais da Venezuela de 28 de julho é Nicolás Maduro, mas o atual Presidente não figura só uma, nem duas, e sim 13 vezes. Outros candidatos também surgem mais do que uma vez mas é o rosto de Maduro o mais frequente.
O facto de aparecer 13 vezes e em primeiro lugar — ocupa toda a primeira fila e parte da segunda e terceira, em quatro — faz com que o chefe de Estado seja “visualmente o [candidato] mais fácil de identificar”, observa Laura Dib, diretora do programa dedicado à Venezuela na organização não-governamental WOLA, especializada em direitos humanos e sediada em Washington, nos EUA. Edmundo González Urrutia, que é visto com um candidato capaz de fazer efetivamente frente ao Presidente venezuelano, aparece três vezes.
Mas porque surgem Nicolás Maduro, há 11 anos no poder, e outros candidatos mais do que uma vez? Porque aparecem tantas vezes quanto os partidos que os apoiam e que representam, tanto nos boletins eletrónicos dentro do país, como nos impressos para quem vota no estrangeiro. É isso que ditam as regras eleitorais na Venezuela, explicadas pela Associated Press. Havendo mais partidos a apoiar Maduro, o seu rosto é o mais repetido.
Segundo Laura Dib, dado que os partidos que apoiam González não têm acesso aos meios de comunicação oficiais na Venezuela, “a oposição tem mais dificuldade em educar os eleitores sobre como votar”. Há outros fatores que podem confundir os eleitores, considera Laura Dib, como o facto de alguns partidos usarem as mesmas cores do que as dos partidos que apoiam Maduro.
Ao todo, o boletim deste ano tem 38 fotografias de 10 candidatos, com o nome dos concorrentes ao mandato de seis anos e os respetivos nomes e partidos por baixo. São chamados a votar 17 milhões de eleitores dentro do país. No estrangeiro, mais de quatro milhões de pessoas estão registados para votar, mas segundo a Associated Press apenas cerca de 69 mil cumprem os requisitos estabelecidos pelo governo para votar fora do país.
Os requisitos burocráticos para o registo, a falta de informação e a prova obrigatória de residência legal no país de acolhimento impediram muitos migrantes de se inscreverem para votar, adianta a agência de notícias.
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