Moçambique e Angola estão entre os quatro países africanos onde os cidadãos mostram menos preferência pelo regime democrático, com menos de metade, enquanto Cabo Verde é a quarta nação onde esta preferência é mais vincada, segundo o Afrobarómetro.
De acordo com a edição deste ano desta sondagem continental, feita em 39 países, 84% dos cabo-verdianos têm uma preferência pela democracia, bem acima da média de 66% em África, enquanto Moçambique, com apenas 49%, e Angola, com 47%, estão entre os que menos preferem este regime de governação, ficando apenas atrás da África do Sul e do Mali.
As conclusões constam do relatório deste ano do Afrobarómetro, que dá conta também que São Tomé e Príncipe é o país lusófono onde a rejeição de um Governo militar é mais vincada, com 80% dos inquiridos a rejeitarem esta alternativa, contra 66% em Angola e 61% em Moçambique, numa lista onde apenas 25% e 18% dos habitantes do Burkina Faso e Mali, governados por uma junta militar, rejeitam esta forma de governo pelas forças armadas.
No que diz respeito à satisfação com a democracia, os moçambicanos são os mais satisfeitos, com 42%, seguidos de São Tomé e Príncipe, com 28%, Cabo Verde, com 27%, e Angola, onde apenas um em cada quatro cidadãos está satisfeito com o regime em que vivem.
Entre as várias perguntas que foram feitas aos inquiridos entre 2021 e 2023, constata-se que 63% dos habitantes de São Tomé e Príncipe responderam afirmativamente, quando questionados se os militares podem intervir na política, com essa percentagem a descer para 62% em Cabo Verde, 55% em Moçambique e 51% em Angola.
No que diz respeito à corrupção, só em Angola e Cabo Verde a percentagem de pessoas que respondeu que piorou desde o ano anterior é inferior a 50%, com pouco mais de um em cada três angolanos (36%) e 47% dos cabo-verdianos consideraram que a corrupção aumentou desde 2020.
Em São Tomé e Príncipe, 62% responderam que a corrupção aumentou face ao ano anterior, face aos 52% de Moçambique, numa resposta onde 58% de todos os inquiridos em África consideram que a corrupção piorou no seu país.
A nível continental, mais de metade dos africanos aceita um golpe militar se os líderes “abusarem do poder para si próprios”, conclui a mais recente edição do Afrobarómetro, um estudo de opinião que abarca a quase totalidade dos países africanos.
“Mais de metade dos africanos, 53% em 39 países, está disposta a aceitar um golpe militar se os líderes eleitos abusarem do poder para si próprios”, lê-se no Afrobarómetro, que dá conta de um conjunto de indicadores relativamente à perceção que os africanos têm da implementação da democracia nos seus países.
O Afrobarómetro é uma rede de sondagens pan-africana e não partidária, que disponibiliza informação sobre as experiências e a avaliação da democracia, governação e qualidade de vida no continente, de acordo com a informação do site, que afirma que os dados da edição deste ano foram recolhidos entre 2021 e 2023 em 39 países africanos.
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