O ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos, rebateu declarações do ministro Carlos Fávaro sobre a alta do arroz no mercado internacional. Mattos disse que o país é “tomador de preço” e, portanto, “não especula”.
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“O Uruguai não especula. O Uruguai é tomador de preços, porque quem fixa o preço é o mercado internacional de arroz. Este nível alto de preços já vinha se verificando há muito tempo”, disse ele, de acordo com o jornal uruguaio, El Observador.
Evitar especulação foi o principal argumento do governo brasileiro para editar uma Medida Provisória que permite a importação de até uma tonelada de arroz. O receio, segundo o Ministério da Agricultura, é de uma disparada de preços em função de perdas por causa das enchentes no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da oferta do cereal para o Brasil.
Outra medida do governo brasileiro foi zerar a Tarifa Externa Comum (TEC) para a compra do cereal de fora do Mercosul. Nesta semana, ao participar de audiência na Câmara dos Deputados, o ministro Carlos Fávaro reiterou que a intenção do governo é evitar movimentos especulativos sem prejuízo aos produtores brasileiros.
“Temos que olhar a questão do arroz de forma holística. Temos consciência de que o Brasil produz suficiente para consumir, que essa relação é justa [produção e consumo], mas o descasamento momentâneo dá margem para especulação”, disse ele, acrescentando que um novo edital do leilão será publicado “em breve”.
A cadeia produtiva do arroz no Brasil critica a decisão do governo. Levantamento da consultoria Horus, tomando por base nos pacotes de cinco quilos vendidos no varejo, apontou uma alta de 6% no preço ao consumidor. A média no dia 12 de maio chegou a R$ 5,46 o quilo. No fim de abril, o quilo do cereal chegou a R$ 6,35.
No Uruguai, o ministro Fernando Mattos disse que não se pode aceitar a declaração de Carlos Fávaro. Ainda conforme a reportagem do El Observador, Mattos disse, no entanto, entender a posição do governo brasileiro, de tentar evitar desabastecimento do cereal em função da tragédia vivida pelo Estado do Rio Grande do Sul.
“Com todo o direito, [O Brasil] tomou a decisão de baixar a Tarifa Externa Comum. Desta maneira, busca equilibrar a oferta não apenas na região [do Mercosul]”, argumentou, de acordo com o jornal. “O que não podemos aceitar é a afirmação de que os países da região estão especulando com preço do arroz”, ponderou.
Mattos ressaltou ainda que o Brasil é um grande consumidor de arroz e que a situação atual pode gerar inflação. De outro lado, pontuou que as negociações para comercialização de exportação do cereal são feitas pelos agentes privados. “Não somos formadores de preço”, disse o ministro da Agricultura do Uruguai.
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