Minerva e Marfrig perdem milhões após revés no Uruguai | Negócios

A Minerva e a Marfrig perderam, cada uma, mais de R$ 350 milhões em valor de mercado ontem, um dia depois da decisão da autoridade antitruste do Uruguai de rejeitar a venda de três unidades de abate da empresa de Marcos Molina para a controlada pelos Galletti de Queiroz.

Maior exportadora de carne bovina da América do Sul, a Minerva foi quem saiu mais afetada. Seus papéis ON fecharam em queda de 8,65% na B3 ontem, a R$ 6,34 por ação, liderando as perdas do Ibovespa. Seu valor de mercado caiu R$ 365 milhões, conforme levantamento do Valor Data.

As ações ON da Marfrig recuaram 3,14%, para R$ 11,71 por papel. Mesmo com a baixa percentualmente menor que a da Minerva, o prejuízo em valor de mercado não ficou muito atrás, chegando a R$ 354 milhões.

A acordo firmado entre as duas empresas em agosto do ano passado incluía a venda de 16 plantas da Marfrig na América do Sul para a Minerva por R$ 7,5 bilhões. Do total, R$ 1,5 bilhão já foram pagos. Os ativos no Uruguai estão avaliados em R$ 675 milhões.

Leonardo Alencar, head de agro, alimentos e bebidas da XP, disse ao Valor que desde o anúncio da negociação já havia expectativa de que o aval do Uruguai não sairia facilmente, seja por causa do nível de concentração de mercado em favor da Minerva naquele país ou do posicionamento dos pecuaristas locais, que foram contrários.

“O mercado sabia da possibilidade [de rejeição uruguaia]. A negativa reforça a leitura de que o processo de aprovação é mais lento e que só viria com remédios, possivelmente após outubro, devido ao processo eleitoral no país”, afirmou Alencar.

Os “remédios” para a aprovação seriam eventuais exigências que a Comisión de Promoción Y Defensa de la Competencia (Coprodec), a autoridade concorrencial do Uruguai, pode colocar para conceder seu aval, uma vez que a Minerva já declarou que pretende recorrer da decisão de terça-feira (21/5).

Uma fonte próxima à Marfrig disse ao Valor que acredita que ainda ser possível que a autoridade uruguaia aprove o negócio, mas que não há como especular quais seriam as condições para isso.

Na hipótese de que o recurso no Uruguai não prospere e que a transação seja aprovada pelas demais autoridades da América do Sul, a Minerva ainda precisaria pagar

R$ 5,375 bilhões à Marfrig pela compra das plantas no Brasil, Argentina e Chile. Mesmo no Brasil, porém, a análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) está demorando mais que o esperado pelas companhias.

Para Rafael Passos, sócio da Ajax Asset, a Marfrig também saiu prejudicada na bolsa ontem porque a empresa conta com os recursos da venda de ativos para reduzir sua alavancagem, após realizar aportes na controlada BRF. “O foco principal da Marfrig é a integração com a BRF”, observou.

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