Melo fala em substituir e implementar mais tecnologia ao sistema de proteção

Depois que falhas no sistema proteção contra cheias deixar bairros inteiros, incluindo o Centro Histórico, submerso, o prefeito Sebastião Melo admitiu, em coletiva nesta segunda, a necessidade de substituir partes do sistema por uma “nova tecnologia”. Mas não disse que tecnologia seria essa. Questionado sobre o quanto a falta de manutenção do sistema foi responsável pela inundação que desalojou milhares de pessoas só na capital, Melo tergiversou. Disse que a pergunta renderia assunto para “dois seminários”.

Sem apresentar dados ou números, afirmou também que as comportas receberam vistorias, porém reconheceu falhas. “Esses portões passaram por revisões em determinados momentos, mas penso que não é momento de se discutir, mas de reconhecer que eles talvez tenham que ser substituídos por uma outra tecnologia”, afirmou. “Disso, nós não vamos nos furtar.” 

Em recorrentes episódios, desde pelo menos 2015, parte das comportas precisaram ser fechadas com uso de retroescavadeiras, o que não seria necessário se a manutenção estivesse em dia. 

Sobre as casas de bombas, Melo assegurou que sua gestão reformou todas as 26 existentes e atribuiu o não funcionamento delas – na noite desta segunda, apenas quatro estavam em ação – ao elevado nível do Guaíba. “Quando o nível do Guaíba passa 2,30m da cota de inundação, as casas de bomba não bombeiam para fora. Aí vem o refluxo e bombeiam para dentro da cidade”, disse. Ele ainda sugeriu que algumas das casas de bomba foram feitas “de maneira equivocada”, do ponto de vista da engenharia, e que talvez precisem ser remodeladas. 

“Ninhos de rato”

Falando na sequência, o diretor-geral do Dmae, Maurício Loss, criticou o estado das casas de bomba no início da atual gestão municipal. “Quando nós recebemos, algumas casas de bomba eram ninhos de ratos. Fiação exposta, faltava metade das bombas, faltava telhado para o operador operar. Fizemos todas essas reformas, ampliamos alguns motores, com motores novos e aumentamos capacidade dentro do limite”, relatou.

Segundo ele, foram investidos mais de R$ 20 milhões na drenagem na atual gestão. “É momento, agora, na terceira enchente muito forte em menos de um ano, de a cidade se reinventar. Estamos passando por um novo momento climático no planeta. Ele precisa ser reinventado”, observou.

Em entrevista à Matinal, o diretor da Rhama e professor emérito da UFRGS Carlos Tucci afirmou que não seria necessário uma substituição do sistema de proteção contra as cheias de Porto Alegre, mas aprender com os erros que aconteceram nesta cheia para aprimorá-los antes do próximo evento semelhante.

Tucci foi citado por Melo ao fim da coletiva. Segundo o prefeito, Tucci teria lhe informado que Porto Alegre precisa de R$ 4 bilhões para a drenagem urbana, equivalente a quase metade do orçamento do município. À Matinal, na véspera, Tucci estimou R$ 200 milhões por ano.


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