Maduro usa Palestina como cortina de fumaça

A última reunião da Celac, Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, começou junto com um problema internacional de Nicolás Maduro. O Tribunal Penal Internacional não aceitou a tentativa de paralisar o processo contra ele.

A denúncia deriva do rastro de 125 mortes de manifestantes nos protestos de 2017. Mas também inclui tortura, prisões arbitrárias e abusos. Além disso, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela é investigado por servir ao regime e inviabilizar candidatos de oposição.

No mesmo dia em que saiu a decisão do TPI, a ditadura venezuelana já tinha resposta pronta: Palestina. Isso mesmo, Palestina. Diz que o tribunal deveria gastar seu tempo analisando a queixa de genocídio contra Israel em vez de perder tempo com o caso da Venezuela.

“A Venezuela lamenta que, enquanto o mundo observa com horror como o povo palestino é vítima de um cruel genocídio diante da inação da burocracia internacional chamada a impedi-lo ou detê-lo, a Corte Penal Internacional tenha optado por investir seu tempo e escassos recursos disponíveis em prosseguir com ações que claramente descaracterizam sua razão de existir e minam sua credibilidade como organismo de justiça internacional”, diz o comunicado oficial da ditadura.

A Celac e os chefes de Estado que dela participaram não cometeram o que Nicolás Maduro julga um erro grave, dar atenção às violações de direitos humanos na Venezuela, que faz parte do grupo. Em vez disso, acabaram fazendo exatamente o que sugere o comunicado venezuelano, dar atenção à questão palestina.

“Conscientes da intransigência refletida nas declarações do governo de Israel e do agravamento da crise humanitária em Gaza, deploramos o assassinato de civis israelenses e palestinos, incluindo os cerca de 30 mil palestinos mortos desde o início da incursão de Israel em Gaza, e manifestamos profunda preocupação com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e com o sofrimento da população civil palestina”, diz o comunicado conjunto de 24 países da Celac, Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos.

Nicolás Maduro foi além, utilizou as próprias redes para saudar protestos feitos em seu país. Não aqueles contra a ditadura, obviamente. Saudou protestos feitos contra Israel e pela liberação da Palestina, esses sim permitidos na Venezuela.

O presidente Lula aproveitou a reunião da Celac para falar também da questão palestina, sobre a qual parece muito preocupado e bem informado.

Há uns 15 dias, perguntaram ao nosso mandatário o que pensava sobre a última crise da ditadura do companheiro Maduro. Depois de prender opositores novamente, os representantes da ONU no país fizeram uma declaração de repúdio. O ditador expulsou os representantes. Quando perguntaram sobre isso a Lula, ele disse que não estava informado.

Nicolás Maduro usa Palestina como cortina de fumaça para fugir das acusações que pesam sobre ele. Tem funcionado.


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