Macron visitará ilha no Pará e acompanhará lançamento de submarino

Em viagem de 3 dias ao Brasil, o presidente francês será recebido por Lula e pretende caminhar pela av. Paulista, em São Paulo; acordo Mercosul-UE deve ser abordado por governo brasileiro

O presidente da França, Emmanuel Macron, chega ao Brasil na 3ª feira (26.mar.2024) para uma visita de 3 dias em que será recebido com honrarias de chefe de Estado. O francês visitará Belém (PA), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Brasília (DF).

Em meio à suspensão das negociações do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, o chefe de Estado francês visitará a floresta amazônica acompanhado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Também participará do lançamento de um submarino e pretende caminhar pela Avenida Paulista, em São Paulo.

Resistente ao acordo entre os 2 blocos econômicos por pressão de agricultores franceses e por questionamentos ambientais, Macron será recebido por Lula em Belém, no Pará, para conhecer a floresta amazônica e os produtores locais.

“O presidente quer mostrar a Macron a complexidade da realidade amazônica. É um local de grande biodiversidade, mas também em que há uma grande população que depende da Amazônia para sua sobrevivência”, disse a embaixadora Maria Luísa Escorel de Moraes, secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty.

De acordo com a diplomata, os presidentes conversarão sobre como melhorar o transporte de mercadorias pela fronteira do Brasil, no Amapá, com a Guiana Francesa, um departamento ultramarino francês, considerado como parte do território da França. Há também uma preocupação com tribos indígenas que habitam a região.

Em Belém, Lula e Macron visitarão na Ilha do Combu a produção de cacau e chocolate liderada por Dona Nena, líder comunitária e empreendedora local. Sua marca, Filha do Combu, faturou R$ 800 mil em 2022. “Queremos mostrar um exemplo exitoso de uma atividade que é sustentável na Amazônia, que traz renda digna para essas pessoas”, disse Escorel.

Depois, os 2 chefes de Estado percorrerão um trecho dentro da floresta para que Macron tenha “a noção da dimensão da floresta e de sua biodiversidade”, e terão encontro com líderes indígenas. De volta à capital paraense, será oferecido a Macron um lanche com comidas típicas amazônicas. O francês, no entanto, não provará os peixes de rio da região por restrição alimentar.

No mesmo dia, Macron e Lula seguirão, em aviões próprios, para o Rio de Janeiro. No dia 27 de março, os 2 presidentes seguirão para Itaguaí (RJ) de helicóptero para acompanhar o lançamento do submarino Tonelero ao mar.

O Tonelero é o 3º submarino a propulsão convencional e faz parte do Programa de Desenvolvimento dos Submarinos brasileiro, o ProSub, desenvolvido em parceria entre o Brasil e a França, firmada em 2008, com orçamento de cerca de R$ 40 bilhões. A previsão inicial era de que o submarino fosse colocado em operação em 2020. Lula e Macron acompanharão sua entrada na água até submergir, o que deve demorar cerca de 30 minutos.

O ProSub tem como um de seus principais pontos a transferência de tecnologia francesa para a construção de embarcações nacionais, mas o Brasil ainda cobra mais cooperação em relação à tecnologia nuclear. De acordo com Escorel, os 2 países já avançaram no tema, que pode ser tratado entre os 2 presidentes.

Ainda no dia 27, Macron seguirá para São Paulo sem a companhia de Lula, que retorna à Brasília. Na capital paulista, participará do Fórum Econômico Brasil-França, que será realizado na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). É a 1ª vez que o encontro será realizado desde 2019.

Depois deverá inaugurar o Instituto Pasteur, na USP (Universidade de São Paulo), se encontrar com o ex-jogador de futebol Raí para visitar a ONG Gol de Letra e visitar o Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateubriand). À noite, um jantar está sendo organizado pela Embaixada da França com personalidades brasileiras reconhecidas mundialmente, como cantores, atores e escritores. Os convidados ainda não foram anunciados.

De acordo com Escorel, Macron pretende retornar a pé ao hotel depois da confraternização. O francês pretende percorrer um trecho da Avenida Paulista.

No dia seguinte, na 5ª feira (28.mar.2024), Macron viaja para Brasília, onde será recebido por Lula para uma reunião bilateral. Os 2 se reúnem no Palácio do Planalto para tratar de temas políticos e econômicos.

Os franceses já anunciaram que não pretendem discutir o acordo do Mercosul com a União Europeia, que teve suas negociações suspensas devido à eleição para o Parlamento Europeu. A França é a principal opositora à conclusão do acordo. Lula, porém, pode abordar o tema com Macron durante a reunião.

“Temos coincidências, mas também temos divergências. Mas bons amigos não precisam ter as mesmas opiniões sobre tudo, o mais importante é o respeito e a compreensão das perspectivas de cada lado e trabalhando sempre juntos pelos objetivos comuns”, disse Escorel.

Os presidentes também devem conversar sobre o comando brasileiro do G20 neste ano, a reforma das instituições multilaterais, especialmente o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e os conflitos na Faixa de Gaza e na Ucrânia.

Depois do encontro, devem assinar cerca de 15 memorandos de entendimento e darão uma declaração à imprensa. Em seguida, serão recepcionados em um almoço no Palácio Itamaraty. Pela tarde, o presidente francês visitará o Senado e a Câmara.


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