Corina Yoris não conseguiu se inscrever para concorrer às eleições de julho; Itamaraty diz acompanhar a situação
Corina Yoris, candidata à Presidência da Venezuela opositora de Nicolás Maduro, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode incentivar a volta da democracia no país vizinho. “As declarações recentes de Lula dão apoio à restituição da democracia. Ajudam o regime a dar espaço para a possibilidade de eleições livres”, declarou Yoris.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, a candidata disse que a resposta de Caracas em relação ao posicionamento do Itamaraty sobre sua dificuldade para inscrever sua candidatura foi “desrespeitosa em termos de linguagem diplomática internacional”.
“Uma manifestação [do Brasil] desse tipo não é interferência, é atuação para dizer a um governo para não se desviar de certos canais e respeitar certos acordos”, declarou a candidata venezuelana. Corina afirmou que continuará tentando se inscrever para concorrer às eleições. “Não joguei a toalha e acredito que somos muitos os que não jogaram a toalha”, disse.
Em 25 de março, a opositora de Maduro declarou que estava sem acesso ao sistema do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) e não conseguia realizar sua inscrição para o pleito de 28 de julho. No dia seguinte, em 26 de março, o Itamaraty divulgou nota em que expressa preocupação com o processo eleitoral do país.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, o impedimento configura uma violação ao Acordo de Barbados, no qual a Venezuela assegura a realização de eleições livres em troca do fim das sanções ao petróleo local.
“O Brasil está pronto para, em conjunto com outros integrantes da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia fortaleça na Venezuela”, afirmou o ministério.
A declaração do governo brasileiro desagradou, Caracas que a classificou como “cinzenta e intrometida […] que parece ter sido ditada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”.
ELEIÇÕES NA VENEZUELA
O Acordo de Barbados foi feito em 2023 pelo governo venezuelano e pela oposição do país com o objetivo da realização de eleições limpas e justas em 2024.
No entanto, antes de Corina Yoris, a ex-deputada María Corina Machado também havia tido seu registro de candidatura negado. A opositora havia vencido disputa interna e indicou Yoris como sua substituta.
Sem ambas as postulantes, o nome da oposição a Nicolás Maduro será Manuel Rosales, atual governador de Zulia. Corina Machado disse que não apoiará Rosales e que seu nome segue sendo Corina Yoris.
NICOLÁS MADURO
O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro Moros, 61 anos, comanda um regime autocrático e sem garantias de liberdades fundamentais. Mantém, por exemplo, pessoas presas pelo que considera “crimes políticos”.
Há também restrições descritas em relatórios da OEA (sobre a “nomeação ilegítima” do Conselho Nacional Eleitoral por uma Assembleia Nacional ilegítima) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (de outubro de 2022, de novembro de 2022 e de março de 2023).
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