O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que os resultados das eleições presidenciais venezuelanas, marcadas para o próximo domingo (28), sejam amplamente respeitados para que o país possa “voltar à normalidade”. As declarações foram dadas em entrevista às agências de notícias internacionais Bloomberg, Reuters, AFP, EFE, AP e Xinhua
“Eu disse a [Nicolás] Maduro que a única possibilidade de a Venezuela voltar à normalidade é haver um processo eleitoral amplamente respeitado”, disse Lula, segundo a AFP. “Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição.”
Horas depois, as falas do mandatário foram rebatidas pelo presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez. Em entrevista coletiva, o deputado chavista foi questionado sobre as declarações de Lula, as quais ele alegou ainda não ter lido, mas prometeu respeito do governo aos resultados eleitorais.
“Não li o que Lula disse, mas como não respeitar os resultados se vamos vencer?”, questionou Rodríguez, uma das maiores lideranças políticas do país, já tendo atuado como vice-presidente de Hugo Chávez, prefeito de Caracas e ministro em distintas oportunidades.
“É claro que vamos respeitá-los [os resultados], vamos celebrá-los nas ruas. Maduro vai comemorar os resultados com o seu povo”, completou.
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Eleição e violência
Foi Jorge Rodríguez quem tentou retificar na semana passada uma declaração de Maduro que repercutiu de maneira negativa na imprensa mundial. Na última quinta-feira, durante um ato de campanha, o presidente venezuelano disse que a derrota do governo poderia levar a uma situação de instabilidade e violência provocada “pelos fascistas”, afirmando que o país poderia cair em uma “guerra civil” e ocorrer “um banho de sangue” caso o governo saia derrotado.
“O destino da Venezuela, no século 21, depende da nossa vitória em 28 de julho. Se não querem que a Venezuela caia num banho de sangue, numa guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantimos o maior sucesso, a maior vitória na história eleitoral do nosso povo”, afirmou em discurso.
No dia seguinte, Rodríguez justificou a fala de Maduro e afirmou que a possibilidade de conflitos se daria porque a parte mais extremista da oposição perseguiria os chavistas caso chegasse ao poder. Ele ainda garantiu que o governo vai reconhecer o resultado das eleições e vai sair às ruas para defender o resultado “nem que seja com a nossa própria vida”.
Lula comentou essas declarações hoje às agências internacionais e, segundo a AFP, afirmou que ficou “assustado” com as falas de Maduro. “Quem perde as eleições toma um banho de voto, não de sangue”, disse.
“Já falei com o Maduro duas vezes, […] e o Maduro sabe que a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo mundo”, afirmou Lula. “Se Maduro quiser contribuir para resolver a volta do crescimento na Venezuela, a volta das pessoas que saíram da Venezuela, estabelecer um estado de crescimento econômico, ele tem que respeitar o processo democrático”, defendeu o presidente brasileiro.
Eleições na Venezula
Os venezuelanos vão às urnas no próximo domingo para escolher entre 10 candidatos o próximo presidente. Embora as pesquisas eleitorais não sejam consideradas confiáveis no país, especialistas dizem acreditar que a disputa está acirrada entre o atual presidente, Nicolás Maduro, e o opositor Edmundo González Urrutia.
Em junho, Urrutia foi um dos dois únicos candidatos que se recusou a assinar um compromisso de reconhecer o resultado eleitoral. Na semana passada, a oposição voltou a levantar suspeitas sobre o sistema eleitoral, afirmando que reconheceria apenas os resultados das zonas eleitorais que ela própria monitorasse.
O sistema eleitoral venezuelano, que mescla urnas eletrônicas e em papel, é considerado um dos mais seguros do mundo por entidades internacionais. Espera-se que o resultado do pleito seja divulgado na noite do póprio dia 28.
Com AFP
Edição: Rodrigo Durão Coelho
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