Lula afirma ser grave o veto à principal candidata de oposição a Maduro nas eleições da Venezuela | Jornal Nacional

Lula diz que é grave veto a candidata de oposição na Venezuela

O presidente Lula disse que é grave o fato de a principal adversária do presidente venezuelano Nicolás Maduro não ter conseguido registrar a candidatura na eleição. O comentário foi durante a visita do presidente francês Emmanuel Macron, em Brasília.

O último dia de viagem de Emmanuel Macron ao Brasil começou com uma apresentação da Orquestra Maré do Amanhã e seguiu com o Batalhão da Guarda Presidencial e os Dragões da Independência. Em uma reunião reservada, o presidente francês e Lula discutiram temas como comércio, combate às mudanças climáticas e a guerra da Ucrânia.

Depois do encontro, os dois presidentes assinaram acordos no Palácio do Planalto, entre eles um novo plano da parceria estratégica entre Brasil e França. Logo depois, Lula e Macron também conversaram com a imprensa sobre as relações bilaterais entre os dois países.

Macron disse que estava honrado em estar na Praça dos Três Poderes, reconstruída depois de ter sido, segundo ele, maltratada pelos inimigos da democracia em janeiro de 2023.

Durante a coletiva, os dois presidentes foram questionados sobre a eleição na Venezuela, marcada para julho. Esta semana, a nova candidata de oposição a Nicolás Maduro, a filósofa e professora Corina Yoris, não conseguiu registrar a candidatura no sistema do conselho nacional eleitoral. Yoris era a substituta de María Corina Machado, que teve os direitos políticos suspensos.

Nesta quinta, Lula falou pessoalmente sobre o assunto pela primeira vez. Disse que a situação é grave.

“É grave que a candidata não possa ter sido registrada. Ela não foi proibida pela Justiça. Me parece que ela se dirigiu até o lugar e tentou usar o computador local e não conseguiu entrar. O dado concreto é que não tem explicação, não tem explicação jurídica, política, você proibir um adversário de ser candidato. Eu quero que as eleições sejam feitas igual a gente faz aqui no Brasil, com a participação de todos. Quem quiser participar, participa, quem perder chora, quem ganhar ri, e assim a democracia continua”, diz Lula.

Em seguida, Macron afirmou que apoiava tudo que Lula disse e que tudo será feito para convencer o presidente Maduro a fazer eleições transparentes, com observadores internacionais.

Os presidentes também falaram novamente, nesta quinta (28), sobre o acordo comercial do Mercosul com a União Europeia, negociado há quase 25 anos. No fim de 2023, Macron afirmou ser contra o acordo e tentou encerrar as negociações.

Lula disse que não se trata de um acordo bilateral e, sim, com um bloco e que, por isso, Macron deve negociar com a União Europeia.

“Se o Macron tiver que brigar com alguém, não é com o Brasil, é com a União Europeia. É com os negociadores que foram escolhidos para negociar, não é comigo. Então, estou muito tranquilo nesse negócio. Eu confesso a você que o acordo tal proposto agora é muito mais promissor de assinar do que o outro que era, mas obviamente que como o Brasil tinha o direito de ser contra a primeira proposta, eu acho normal e democrático que o presidente Macron tenha o direito de ser contra a proposta”, afirma Lula.

Ao lado de Lula, Macron reforçou as críticas ao acordo, disse que todos estão loucos de fazer acordos comerciais antigos, que não são coerentes com a agenda de biodiversidade e a indústria sem carbono. “Não tem nada a ver com a relação bilateral. Não posso ser mais transparente”, finalizou.

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