Guadalupe Simões: Quantidade de atos “não se traduz em acompanhamento com a qualidade e segurança que qualquer pessoa deverá exigir”

Esta sexta-feira, Guadalupe Simões, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, criticou a escolha do Governo de pagar pela quantidade de atos. “Quando o Governo diz que dá incentivos ou que dá suplementos financeiros se fizerem mais intervenções cirúrgicas, se tiverem mais doentes nas listas, se operarem mais doentes no âmbito dos programas do SIGIC, se, se, se, está sempre a falar de quantidade de atos, que não se traduz em acompanhamento das pessoas com a qualidade e segurança que qualquer pessoa deverá exigir”, explicou ao HealthNews.

“Quando os enfermeiros estão em luta e fazem greve, e os utentes sabem disso porque são os enfermeiros que estão 24 sobre 24 horas nos serviços, prestam sempre serviços mínimos, portanto, nunca abandonam os serviços. Não há nenhum doente que tivesse alguma vez sido abandonado, ponto número um. Ponto número dois, os enfermeiros estão em luta porque é preciso reforçar o Serviço Nacional de Saúde. O que hoje as pessoas sentem é que não têm acesso a tempo e horas a cuidados de saúde, porque não há profissionais de saúde em número suficiente no Serviço Nacional de Saúde, e também sabem que não há profissionais de saúde em número suficiente no Serviço Nacional de Saúde porque os sucessivos governos têm degradado as condições de trabalho de todos os profissionais e, naturalmente, também dos enfermeiros, não valorizando as carreiras profissionais. E, pior do que isso, agora lembraram-se que os enfermeiros e os outros profissionais devem ser pagos pela quantidade de atos que praticam”, afirmou Guadalupe Simões.

Para a enfermeira, “quando o Governo diz que dá incentivos ou que dá suplementos financeiros se fizerem mais intervenções cirúrgicas, se tiverem mais doentes nas listas, se operarem mais doentes no âmbito dos programas do SIGIC, se, se, se, está sempre a falar de quantidade de atos, que não se traduz em acompanhamento das pessoas com a qualidade e a segurança que qualquer pessoa deverá exigir. (…) todas as lutas que os enfermeiros fazem têm em vista garantir que o Serviço Nacional de Saúde volta a adquirir a qualidade que já teve e que os sucessivos governos têm vindo a degradar. Este vai pelo mesmo caminho porque, na realidade, basta ver o plano de emergência do atual governo – o que pretende é atribuir fatias de cuidados para o setor privado.”

A última reunião entre o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e o Ministério da Saúde “correu muito mal”. Na quinta-feira, “o Ministério da Saúde procurou chantagear o sindicato dizendo que só negociava se a greve fosse suspensa”, disse ao HealthNews Guadalupe Simões, dirigente do SEP, que, por esse motivo, pelos enfermeiros, pelos doentes e pelo SNS, espera que haja uma forte adesão à greve nacional de dia 2 de agosto.

HN/RA

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