Barbezieux, Praça. Transponho o portão do cemitério. Para trás fica o desequilíbrio da ausência. Termina a incursão para contrariar o esquecimento. Olho para o outro lado da rua. Observo o skatepark. As estruturas esperam ousados. Em redor, o arvoredo e o relvado fazem um bom enquadramento. No jardim permanecem as estátuas de homenagem às recoveiras. As pausas para almoço, junto às fábricas, ficaram imobilizadas. Recordo um texto meu, recomendando o seu erigir, escrito anos depois da implantação das mesmas. A rapidez da circulação automóvel provoca falhas na memória.
Barbezieux, geminação. Revivo a estupefação. O conhecer o conceito. As oportunidades de intercâmbio. O entusiamo pela aproximação a outras culturas. A incerteza da localização do parceiro. Com o passar dos anos, o desinteresse, devido à falta de qualquer programa de permuta. A indiferença apodera-se. É o sentimento que perdura para as geminações posteriormente anunciadas, de diferentes latitudes.
São João da Madeira, Barbezieux. Recorro ao site da Câmara Municipal para averiguar o estado da geminação. A omissão surpreende-me. O efeito faz-me aceder ao site da “Mairie” de Barbezieux. Igual falta no menu das “Villes Jumelées”. Aparentemente a geminação não foi renovada. Ambas seguiram para outras. Em São João da Madeira ficou o nome da Praça. De França, deste capítulo, nada sei, nem encontro.
São João da Madeira, geminação. Segundo o site da edilidade, existem atualmente cinco parcerias. No nosso país, com Alcobaça. Do Brasil, com Novo Hamburgo. De Cabo Verde, com Maio. De Angola, com Viana. De Moçambique, com Nampula. Em comum, a língua portuguesa. Uma opção diferente da primeira geminação, em espaço europeu. Uma amputação que não oferece oportunidade para intercâmbios e contactos estreitos entre populações. Além das permutas escolares, existe a possibilidade de desenvolver relações privilegiadas e afetivas em torno de eventos culturais, sociais, económicos, turísticos, desportivos e mesmo por ocasião de festivais específicos, ou importantes, para cada uma das cidades gêmeas.
Outras cidades, geminações. Porto, Bordéus encontraram afinidades no comércio do vinho e fizeram uma geminação em 1978. A atrás referida Alcobaça tem quatro geminações. Por seu lado, Viseu possuí 12 cidades geminadas. A capital Lisboa desfruta de cooperação com 18 cidades. Da informação que recolhi, Coimbra, com mais de 20 geminações, parece ser a cidade portuguesa que mais promove a amizade entre diferentes populações. Em todos estes exemplos, a preferência recai sobre cidades de países de língua portuguesa e também com cidades de países do espaço europeu. O que parece ser óbvio, não esgota o conceito, pois Lisboa, Rabat são igualmente cidades gémeas.
Geminação de cidades, oportunidades. Existe um programa do Ministério da Justiça promovendo a geminação de cidades em espaço Europeu. CERV – cidadãos, igualdade, direitos e valores é o projeto para promoção do diálogo intercultural entre cidadãos europeus, oferecendo a oportunidade de pessoas de diferentes nacionalidades e línguas participarem em atividades comuns. Este programa decorrerá até 2027, seria importante para a população desta cidade restabelecer parcerias no espaço europeu.
Geminação, singularidades. Era agosto, quando estive na Praça Barbezieux. No calor da jornada mundial da juventude. Por aqueles dias tinha assistido à invasão de jovens por estas terras. Ouvi relatos de quem recebeu estrangeiros, sem perceber uma palavra do que diziam e assisti à sua satisfação, pelo contacto proporcionado. Generosidade em receber. Imbuído no espírito, idealizo o perpetuar do conceito, sem finalidade religiosa. Um encontro anual de jovens de cidades geminadas. Alargando o conceito a outros países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), geminando-se novamente São João da Madeira com cidades de Timor, da Guiné-Bissau, da Guiné Equatorial e de São Tomé e Príncipe, aproveitando-se neste último caso, a conetividade do Centro de Formação da Industria do Calçado. Interculturalidade em torno da língua. Verificar-se como a língua portuguesa evoluiu pelo mundo. Um encontro de diferentes culturas, exibindo-se a particularidade de cada povo. Promovendo o encontro através das artes, dos costumes, da educação, do desporto, da gastronomia, dos produtos que caraterizam cada região dos diversos países, não deixando de lado a cooperação e a oportunidade de entrançar laços económicos, incluindo turísticos. Dinamizar as parcerias, incutindo um aproximar visível das suas populações.
Geminação, fusão. Juntar os povos europeus, com os parceiros da língua portuguesa. Um interessante propósito. Aproximar o norte e o sul do planeta.
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