Gabão: militares anunciam golpe na televisão, Presidente em prisão domiciliária

A ‘Al Jazeera’ diz que desde 1950 houve 486 golpes de Estado militares, dos quais 214 se deram em África. Destes, 106 tiveram sucesso. Mas não é preciso recuar muito no tempo para encontrar exemplos no continente. Em 2020 deu-se um golpe militar no Mali, em 2021 na Guiné-Conacri, no ano passado registaram-se dois golpes em Burkina Faso no espaço de oito meses, em julho houve um golpe de Estado no Níger.

Agora, a revolta militar faz-se sentir no Gabão. O Banco Mundial descreve o Gabão como um país “rico em recursos naturais”, com florestas a cobrirem 88% do território que em 2021 contava com 2,3 milhões de pessoas. Localizado na África central, faz fronteira com a República do Congo, Guiné Equatorial e com os Camarões. É o quarto maior produtor de petróleo da África subsariana e registou um forte crescimento económico ao longo da última década. No entanto, o país tem enfrentado desde 2022 um aumento no preço dos alimentos. Dados de 2017 mostram que 33,4% da população vivia abaixo do limiar da pobreza.

O que está a acontecer no Gabão?

As eleições presidenciais de sábado deram a vitória ao atual Presidente, Ali Bongo Ondimba. O Centro Eleitoral do Gabão anunciou que Ali Bongo ganhou um terceiro mandato, depois de conquistar 64,27% dos votos, esta quarta-feira. O rival Albert Ondo Ossa, obteve apenas 30,77% dos votos. No próprio dia da votação, os principais partidos da oposição gabonesa alegaram que houve fraude eleitoral e exigiram que a vitória fosse reconhecida a Ondo Ossa. Perante a contestação, o Governo invocou o risco de violência, impondo recolher obrigatório e suspendendo o acesso à Internet em todo o país.

No entanto, a vitória de Bongo Ondimba foi dada como cancelada apenas horas depois, por um grupo de militares que apareceu no canal estatal ‘Gabon 24’ a anunciarem a dissolução de todas instituições da República, desde o governo ao tribunal constitucional. Um dos soldados disse que havia “uma governação irresponsável e imprevisível que resulta numa deterioração contínua da coesão social que corre o risco de conduzir o país ao caos” e anunciou que a forças de defesa e segurança decidiram “defender a paz, pondo fim ao regime em vigor”. Na emissão televisiva adiantaram ainda que as fronteiras seriam encerradas até nova ordem.

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