A instituição, criada em dezembro de 2005 por Cristina Paço d’Arcos, a pedido do antigo Presidente são-tomense Fradique de Menezes, é também um centro de acolhimento para jovens abandonados e ajuda diariamente cerca de 120 crianças e mais 70 a 80 no projeto social Rizoma, explicou Paul Azevedo.
“O nosso maior projeto para os próximos dois anos é conseguirmos uma escola nova onde possamos receber ainda mais crianças”, referiu.
Este objetivo tem como entrave as limitações financeiras, que se traduzem na luta diária de pagar as contas da fundação e a alimentação das crianças e na capacidade de contornar o fenómeno da emigração vivido no país garantindo que os professores recebem o seu salário, afirmou.
Com esta iniciativa, a fundação criará “a primeira escola de arte e música no país”, com o desejo de posteriormente ser reconhecida a nível nacional e internacional, disse.
A fundação trabalha diariamente “nas áreas de educação, higiene, apoio psicológico e atividades extracurriculares, mas também no empoderamento feminino, pois São Tomé é ainda um país muito patriarcal e as mulheres não têm ainda as mesmas oportunidades que os homens”, referiu.
Através destas iniciativas surgiram projetos de reciclagem, preservação ambiental, consciência ambiental, projetos agrícolas, limpeza de praias. Têm também um projeto artístico em colaboração com a Guiné-Bissau e criaram “a primeira orquestra em São Tomé, composta por crianças das comunidades mais desfavorecidas, principalmente da capital, mas também crianças do restante país”, salientou.
Esta orquestra veio no seguimento do projeto Rizoma, fundado em 2022 com o apoio do PROCULTURA, do Instituto Camões e da União Europeia, que pretende promover o “desenvolvimento socioeconómico através da música e das artes cénicas”.
O intercâmbio na educação tem sido um desafio constante, pois a fundação tem “essencialmente de angariar apoio de instituições, nomeadamente europeias, principalmente via Portugal”, para conseguir bolsas de estudo para os jovens são-tomenses em “escolas ou universidades em Portugal principalmente”.
Outra faceta do intercâmbio, que se alinha com a saúde, insere-se no projeto ‘LweLwe’ (‘aproximar-se’, em são-tomense), que resulta de uma parceria com estudantes de medicina e visa resolver problemas como cáries dentárias – de acordo com um estudo publicado pela revista Forbes Africa, 72% das crianças são-tomenses até aos 12 anos têm cáries dentárias – , falta de higiene e rastreio de doenças como diabetes e doenças sexualmente transmissíveis (DST).
Segundo Paul Azevedo, São Tomé e Príncipe não tem muita visibilidade internacional, o que dificulta o acesso a financiamento externo, por isso teve a ideia de criar um documentário que espelhasse a sua realidade, mas também a sua beleza, de forma a divulgar esta nação africana ao mundo.
“O projeto do documentário fui eu que iniciei no ano passado, depois das minhas experiências de viagens por São Tomé. Quis demonstrar ao mundo um pouco daquilo que se passa lá”, disse.
O realizador Dário Pequeno Paraíso foi escolhido por ser “uma referência em São Tomé”, referiu.
De acordo com Paul, a produção, constituída por membros do projeto Rizoma, vai começar em março e com o objetivo de ter tudo produzido até julho, para que o documentário seja lançado na X Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe, em agosto.
A fundação é financiada primordialmente pelos padrinhos, nomeadamente portugueses.
Agora, estão a batalhar pela internacionalização da instituição de forma a obter financiamento, crucial para o seu dia-a-dia, de outras partes do mundo.
Estão presentes nas redes sociais de forma a abranger “todas as faixas etárias” e de várias nacionalidades para conseguirem o dito apoio financeiro.
Nesta nação africana, 60% da população tem menos de 18 anos, segundo Paul Azevedo.
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