Ficar o tempo todo nas redes sociais não credencia ninguém a usar bem a tecnologia no trabalho

Jovens da Geração Z vêm sendo “acusados” de não saberem usar tecnologias mais antigas, como o PC – Foto: Freepik/Creative Commons

Aqui e ali, tenho visto reportagens e artigos com autores surpresos e até tripudiando sobre o fato de a Geração Z, que “nasceu com o celular na mão”, enfrentar dificuldades no mundo do trabalho por não conseguir usar ferramentas profissionais “antigas”, como o PC.

Isso pode parecer muito estranho para membros das Gerações X e Y, que dominam esses recursos. Mas precisamos colocar as coisas em perspectiva: podemos aprender algumas coisas desse choque de gerações tecnológico.

Antes de criticar alguém por não saber o que lhe parece óbvio, veja se você mesmo não sofre com algo que o outro domina com incrível naturalidade. A mesma Geração Z que apanha do Excel faz coisas com seus smartphones que os “tiozões” nem sabem que existem.

Além disso, passar o dia nas redes sociais não garante que a pessoa consiga migrar seu conhecimento digital do entretenimento para o trabalho. Como acontece com todos, há uma curva de aprendizado a ser vencida nisso.

Nesse momento, todos nós, dos mais velhos aos mais novos, estamos diante de uma nascente avalanche no mundo do trabalho, patrocinada pela inteligência artificial. Todos estamos tateando essa incrível novidade, entendendo o que podemos fazer com ela e nos esquivando de eventuais armadilhas.

Tenho uma visão privilegiada disso como professor, uma carreira que deve ser profundamente modificada pela IA, o que está movimentando os colegas. Vejo também alunos se apropriando desse recurso como podem. E ao mesmo tempo, identifico pessoas dos dois grupos resistindo bravamente à mudança, por medo do desconhecido.

O mercado de educação é bastante conservador na adoção de tecnologias. Há incontáveis “piadas internas” sobre isso! Mas o mundo empurra os professores para sua transformação digital, a exemplo do que acontece com todas as carreiras.

A pandemia de Covid-19 escancarou o drama! As escolas foram praticamente os primeiros estabelecimentos a fecharem e os últimos a reabrirem. Isso causou enorme prejuízo aos estudantes, não apenas pela perda de importantes janelas cognitivas (especialmente entre os mais jovens), mas também porque muitos docentes foram forçados a dar aulas a distância, sem preparo ou conhecimento para isso.

Nada foi culpa deles! Muitos dos que se sentiam à vontade com seus celulares e seu Instagram nunca tinham dado ou mesmo assistido a uma aula nessa modalidade. Não foram treinados! Não tinha material! “Deram seus pulos” diante do enorme desafio de continuar educando em condições tão adversas.

Observo a entrada tímida da tecnologia na sala de aula há 17 anos, quando desenvolvia soluções digitais para educação. Mesmo colegas jovens e acostumados com o meio resistiam à sua adoção.

Era interessante notar que muitos deles entendiam as plataformas e viam valor nos sistemas. A resistência não se devia, portanto, à tecnologia em si, e sim a não saberem como a usar em suas aulas.

Eles são pagos para dar aulas, não para testar sistemas.

Concluí que eu não poderia me resumir a mostrar as qualidades do produto: precisava antes entender as necessidades e acolher os receios daqueles professores. Devia mostrar que os sistemas eram aliados de produtividade sob controle do ser humano, e que eles não propunham, de forma alguma, substituir o profissional.

Agora é a vez da inteligência artificial invadir as salas de aula, os escritórios, as fábricas, as lojas e tudo mais. Seus desenvolvedores precisam respeitar a individualidade dos profissionais e aprender como combinar a intuição e as habilidade inatas deles com o que a IA lhes proporciona. Afinal, o melhor uso da inteligência artificial não se dá ao substituir pessoas em seus postos de trabalho, e sim ao permitir que elas produzam mais e melhor.

Todas as gerações estão juntas nessa mudança de paradigma. E não adianta ser um “rato de Internet”, pois quem mais tem se beneficiado da IA são aqueles capazes de usar seu conhecimento profissional e sua humanidade para interagir criativamente com a máquina.

Ao invés de apontar dedos, é hora de todos darem as mãos e encontrarem os melhores caminhos juntos!


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