Evolução da economia da África subsaariana abranda para 3,3% este ano — DNOTICIAS.PT

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa de 0,3 pontos a previsão de crescimento do conjunto das economias da África subsaariana, de 4% em 2022 para 3,3% este ano, recuperando novamente em 2024 para 4%.

“A guerra da Rússia na Ucrânia desencadeou um choque inflacionista que provocou o aumento do número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, o abrandamento da procura internacional, custos de financiamento mais elevados e novas pressões cambiais”, lê-se no relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais referente à África subsaariana, divulgado em Marraquexe, onde decorrem os encontros anuais do FMI e do Banco Mundial.

Em abril, o FMI previa para a região um crescimento de 3,6% este ano e de 4,2% no próximo ano, tendo, na atualização de julho, revisto as previsões para um crescimento de 3,5% e 3,9% neste e no próximo ano.

“Embora o ambiente mundial continue difícil, registaram-se algumas melhorias positivas nos últimos seis meses”, lê-se ainda no documento, que aponta a resiliência do consumo interno, o abrandamento da inflação mundial, a diminuição dos custos de financiamento e dos preços alimentares como exemplos destas melhoras.

Entre os pontos positivos da evolução económica dos últimos meses, o FMI destaca que “as finanças públicas estão a estabilizar e alguns países implementaram reformas essenciais em matéria de subsídios”, como é o caso da Nigéria e de Angola, os dois maiores produtores de petróleo na região.

Para além disso, acrescentam, “o rácio da dívida pública sobre o PIB estabilizou em cerca de 60%, interrompendo uma trajetória ascendente de 10 anos, e a inflação atingiu o máximo de quase 10% em março, descendo para os 7% em junho”.

Usando os últimos dados, o FMI diz que “mais de 40 países registaram descidas consistentes há pelo menos dois meses, e a maior parte dos outros países vão atingir o pico em breve, com apenas cinco países (Angola, Burkina Faso, Guiné Equatorial, Níger e Seicheles) a preverem um aumento da inflação no próximo ano”.

Apesar destes pontos positivos, o FMI reconhece que “ainda é cedo para festejar” e salienta que, de forma geral na região, “em muitos casos, a inflação é ainda demasiado alta, os custos de financiamento público são ainda elevados, as pressões cambiais persistem, os preços da energia permanecem voláteis e a instabilidade política continua a ser motivo de preocupação”.

O documento apresenta quatro prioridades políticas para os governos africanos: interromper a restritividade da política monetária onde a inflação está a diminuir, reduzir as vulnerabilidades da dívida e, simultaneamente, criar espaço para despesas de desenvolvimento, permitir a depreciação da taxa de câmbio sempre que necessário e investir no futuro”, nomeadamente investindo mais na educação e garantindo uma gestão eficiente dos recursos naturais.


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