Moçambique confirmou 72 crianças desaparecidas na sequência dos recentes ataques de grupos armados não estatais na província de Cabo Delgado, no extremo norte do país.
Até esta quinta-feira, o alto comissário da ONU para Refugiados, Fillipo Grandi, realiza uma visita à área acompanhado pelo conselheiro especial para Soluções para Deslocados Internos, Robert Piper.
Apoio aos esforços do Governo de Moçambique
A presença dos dois altos funcionários da ONU na zona afetada pelos ataques faz parte de uma missão conjunta em apoio aos esforços do Governo de Moçambique para a “busca de soluções duradouras para o deslocamento interno.”
Pelo menos 112.894 pessoas abandonaram suas casas após os ataques esporádicos ocorridos entre 22 de dezembro e 3 de março. O medo nas populações foi a outra causa do movimento de 100 mil pessoas somente em janeiro.
Atualmente, cerca de 709,5 mil moçambicanos vivem como deslocados devido à violência no norte do país, sendo 51% deles crianças menores de 18 anos.
Dos cerca de 90 estabelecimentos de ensino que encerraram devido aos combates, pelo menos 15% teriam sido danificados ou destruídos durante os atos violentos.
Controle de zonas costeiras antes ocupadas
A resposta militar das autoridades ao conflito, iniciado em 2017, teve apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, Sadc. A situação permitiu que o governo voltasse a controlar zonas costeiras que tinham sido ocupadas.
As Nações Unidas apoiam o Plano de Resposta Humanitária de US$ 413 milhões que recebeu 5,5% dos fundos. A parceria com agências de auxílio visa apoiar 1,3 milhões de pessoas vulneráveis, além de identificar e reunir crianças e famílias separadas.
A atuação internacional impulsiona o cuidado das crianças que foram separadas ou perderam os pais ou tutores durante as operações dos grupos armados.
Recentemente, o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, registou 182 casos de famílias separadas e conseguiu apoiar as autoridades no reencontro de 57 famílias após ataques no distrito de Chiúre em finais fevereiro.
A situação de vulnerabilidade também afeta cidadãos repatriados que vivem na área e continuam a depender da assistência humanitária para sobreviver.
Grandi e Piper procuram formas de apoiar as autoridades nacionais na procura de soluções duradouras para deslocados internos no país.
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