Num mês recheado de aniversários de nascimento e falecimento de compositores, musicólogos e concertistas de excelência1, o dia de hoje – 27 de novembro – assinala o aniversário de falecimento de dois dos mais notáveis compositores portugueses do século XX: Luiz de Freitas Branco e Fernando Lopes-Graça.
Luiz Maria da Costa de Freitas Branco Pedro nasceu a 12 de outubro de 1890, em Lisboa, onde veio a falecer, a 27 de novembro de 1955. Destacou-se como compositor e como uma das mais importantes figuras da cultura portuguesa do século XX. Estudou em Berlim e Paris (aqui conheceu Claude Debussy e a estética do Impressionismo) e lecionou no Conservatório de Lisboa, onde foi professor de Joly Braga Santos2.
Sem esquecer que também escreveu diversas livros e artigos sobre assuntos musicais e que desenvolveu atividade em diversos domínios da vida cultural, o destaque vai para as muitas peças que compôs para orquestra sinfónica (destacam-se quatro interessantes sinfonias), para instrumento solista e orquestra, para voz solista e orquestra, para música coral-sinfónica e para orquestra de cordas. Compôs também música de câmara, peças para voz e piano, para piano e órgão; música sacra para vozes e órgão, para coro misto a cappella, música para cinema, entre outras.
Fernando Lopes-Graça nasceu a 17 de dezembro de 1906, em Tomar3, e morreu em Parede (Cascais), a 27 de novembro de 1994. Foi compositor, musicólogo, pianista, maestro, professor, investigador, teórico e crítico de arte.
Estudou música no Conservatório de Lisboa, onde foi aluno de Luiz de Freitas Branco e de José Vianna da Mota4, e também em Paris.
Por pertencer ao Partido Comunista Português, foi perseguido e preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). Após a Revolução dos Cravos (25 de abril de 1974), o país passou a reconhecer-lhe o valor que, até então, lhe tinha sonegado.
É autor de uma vasta obra literária sobre a música portuguesa de todos os tempos. O destaque vai, contudo, para as suas composições que percorrem todos os géneros musicais: concertos para piano e orquestra, obras corais de inspiração folclórica nacional, um Requiem pelas vítimas do fascismo (1979), um concerto para violoncelo encomendado e estreado por M. Rostropovich5 e uma vastíssima obra para piano.
A partir dos exemplos citados, não será difícil concluir e aceitar que Portugal também é viveiro de compositores de enorme qualidade. Padece, contudo, do mal de não valorizar o que é seu. Casos há de compositores portugueses que são mais conhecidos no estrangeiro do que por cá. Com tantos e de tão grande qualidade, já é tempo de reverter esta tendência e começar a dar valor ao que é nosso. Luiz Freitas Branco e Fernando Lopes-Graça são exemplos claros de compositores de grande valor que importa conhecer e dar a conhecer.
1 Piotr Tchaikowsky faleceu no dia 6 de novembro de 1893, César Franck a 8 de novembro de 1890 e Giochino Rossini a 13 de novembro de 1868. Franz Schubert nasceu a 18 de novembro de 1828. Cingindo-nos ao nosso território, no dia 15 de novembro de 1902, nasceu, em Lisboa, Frederico de Freitas, compositor, chefe de orquestra, musicólogo e pedagogo. Mais a norte, em S. Miguel de Ceide, Famalicão, a 18 de novembro de 1916, nasceu Manuel Ferreira de Faria, sacerdote da Arquidiocese de Braga, compositor, pedagogo, maestro, articulista e conferencista. Antoine Sibertin-Blanc, organista francês que se radicou em Portugal, faleceu a 17 de novembro de 2012, em Lisboa, deixando um legado que se notabiliza pelo estudo e pelos muitos concertos de órgão que nos proporcionou. 20 de novembro também não passa despercebido, dado que foi nesse dia que, em 1915, nasceu, no Porto, Madalena Sá e Costa, conceituada violoncelista. No dia de Santa Cecília do ano 1950, nasceu, em Vila Real, o ainda vivo compositor Fernando Lapa.
2 Joly Braga Santos nasceu a 14 de maio de 1924, em Lisboa, onde veio a falecer, a 18 de julho de 1988. Foi compositor de música erudita e maestro. Entre outras peças musicais, escreveu seis sinfonias.
3 A casa onde nasceu foi transformada no Museu Fernando Lopes-Graça, com o intuito de homenagear e perpetuar a sua obra e o seu legado cívico.
4 José Vianna da Mota nasceu em S. Tomé e Príncipe, a 22 de abril de 1868, e faleceu em Lisboa, a 1 de junho de 1948. Aluno de Franz Liszt, é tido por muitos como o maior pianista português de sempre.
5 Mstislav Rostropovitch nasceu em Baku (Azerbaijão), a 27 de março de 1927, e faleceu em Moscovo, a 27 de abril de 2007. Foi um violoncelista e maestro russo, naturalizado americano. Considerado por muitos um dos maiores violoncelistas do século XX, foi diretor musical e regente da National Symphony Orchestra de Washington, entre 1977 e 1994.
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