Dia Mundial da Tuberculose: “Junte-se à luta pela erradicação” da doença que “ainda existe em Portugal”
Assinala-se este domingo o Dia Mundial da Tuberculose. A propósito desta data, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) lançou um alerta – “A tuberculose ainda existe em Portugal. Junte-se à luta pela erradicação. Faça a diferença!”. A tuberculose continua a ser uma das doenças infeciosas mais relevantes a nível mundial. Em Portugal, os dados mais recentes do Programa Nacional para a Tuberculose referentes a 2022, indicam uma taxa de notificação da doença de 14,5 casos por 100 mil habitantes.
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia quer “aumentar o conhecimento sobre tuberculose na população, relembrar que é uma doença que ainda está presente na nossa realidade, sobretudo com uma nova dinâmica associada aos movimentos migratórios atuais. Pretende-se também desmistificar o estigma associado à doença e enfatizar a importância do rastreio e adesão ao tratamento”, afirmam Maria da Conceição Gomes e Joana Carvalho, da Comissão de Trabalho da Tuberculose da SPP, em mensagem publicada no site da Sociedade.
Os dados da Programa Nacional para a Tuberculose registam ainda uma redução anual de casos em 5,1 % nos últimos cinco anos (2018-2022), no entanto, a mortalidade pela doença teve um acréscimo, sendo de 8,6 % em 2022 e de 6,0 % em 2021.
Porto e Lisboa são os dois distritos com uma taxa mais elevada de notificação entre 2018 e 2022: 23,0 e 22,6 casos por 100 mil habitantes, respetivamente.
Neste Dia Mundial da Tuberculose a SPP vai desenvolver algumas iniciativas, entre as quais se incluem a divulgação de informação nas redes sociais sobre o que é a doença, como se transmite, principais sintomas e tratamento.
Para 8 de abril, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia – MAAT, em Lisboa, uma sessão com o tema: “Tuberculose: onde estamos e para onde vamos?”.
Estudo da OMS mostra benefícios do rastreio e tratamento preventivo
Um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em parceria com Brasil, África do Sul, Quénia e Geórgia mostra os benefícios na saúde mas também na economia dos investimentos feitos em rastreios e tratamentos preventivos da tuberculose.
“A investigação mostra que investimentos modestos podem conduzir a benefícios na economia e na saúde dos quatro países (analisados), com um retorno de até 39 dólares (cerca de 36 euros) por cada dólar investido (0,91 euros)”, revelou hoje a OMS através num comunicado sobre o estudo feito em parceria com os governos do Brasil, África do Sul, Quénia e Geórgia.
Embora os esforços globais de combate à tuberculose tenha contribuído para salvar cerca de 75 milhões de vidas desde 2000, a tuberculose causa 1,3 milhões de mortes por ano e afeta outros milhões, “com enormes impactos nas famílias e nas comunidades”, salienta a Organização.
“Hoje, dispomos dos conhecimentos, das ferramentas e do compromisso político que podem pôr fim a esta doença milenar que continua a ser uma das principais causas de morte infecciosa no mundo”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado no comunicado.
De acordo com o estudo agora divulgado, a implementação do rastreio da tuberculose e do tratamento preventivo pode reduzir substancialmente a incidência e a mortalidade provocada pela doença.
Segundo o relatório da OMS, “estes investimentos cruciais na saúde pública são essenciais para responder às necessidades das populações vulneráveis e alcançar os objetivos para erradicar a doença”.
Em 2022, a OMS verificou uma recuperação significativa a nível mundial na expansão do acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento da tuberculose, com o valor mais elevado registado desde que a OMS iniciou a monitorização global da doença em 1995.
No entanto, o aumento do acesso ao tratamento preventivo da tuberculose tem sido lento, alertou.
“É fundamental oferecer tratamento preventivo da tuberculose às pessoas com VIH [vírus da imunodeficiência humana], aos contactos domiciliários dos doentes com tuberculose e a outros grupos de alto risco”, declarou.
A tuberculose multirresistente (TB-MDR) continua a ser uma crise de saúde pública, segundo a OMS.
Embora se estime que 410.000 pessoas tenham desenvolvido tuberculose multirresistente ou resistente à rifampicina (um antibiótico contra a doença infecciosa) em 2022, apenas cerca de duas em cada cinco pessoas tiveram acesso ao tratamento, informou a OMS.
“Os progressos no desenvolvimento de novos diagnósticos, medicamentos e vacinas contra a tuberculose continuam a ser limitados pelo nível global de investimento nestes domínios”, explicou.
Os resultados desta investigação foram publicados também no âmbito do Dia Mundial da Tuberculose.
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