Os serviços secretos venezuelanos detiveram um dos responsáveis pela campanha da candidata da oposição ao chavismo, María Corina Machado, que denuncia o rapto do seu aliado. A justiça venezuelana diz que o político é suspeito de conspiração.
Emil Brandt, que é o director de campanha da candidatura de Machado no estado de Barinas, foi detido na sexta-feira à noite por agentes do Serviço Bolivariano de Informações na região, pouco depois de uma acção de campanha em que esteve com a candidata, explica o El País.
A prisão de Brandt foi denunciada pela própria líder da oposição que disse ser uma “violação” dos acordos assinados entre os partidos oposicionistas e o Governo de Nicolás Maduro, que visam pôr fim à crise política na Venezuela. “Exigimos uma reacção firme de todos os actores nacionais e internacionais que apoiam uma verdadeira eleição presidencial na Venezuela”, afirmou Machado através do X.
O procurador-geral da República, Tarek William Saab, um aliado de Maduro, disse que Brandt vai ser acusado de conspiração e de outros crimes por ter participado numa manifestação antigovernamental em Janeiro, e que será julgado por um tribunal antiterrorismo em Caracas. Saab disse ainda que as autoridades venezuelanas querem evitar que se instale na Venezuela a situação de “anarquia e violência” vivida actualmente no Haiti.
Brandt é já o quarto elemento da equipa de candidatura de Machado a ser detido desde o início do ano. Todos foram presos por envolvimento em manifestações contra o regime de Maduro e as famílias continuam sem saber o seu paradeiro.
As eleições presidenciais venezuelanas estão marcadas para 28 de Julho e, embora tenha sido escolhida em primárias pelos partidos da oposição, Corina Machado está impedida legalmente de se candidatar a cargos públicos. A Plataforma Unitária, que junta os partidos oposicionistas, insiste que Machado será a sua candidata, mas não há sinais de que venha a haver algum tipo de reversão da situação da candidata.
A política foi condenada a 15 anos de inabilitação de concorrer a cargos públicos num caso de alegadas irregularidades nas suas contas no tempo em que era deputada – Machado nega as acusações e diz que apenas servem para a afastar da política.
Não é claro o que irá fazer a oposição para contornar a proibição à candidatura de Machado. O período para a apresentação oficial das candidaturas decorre entre 21 e 25 de Março.
Entretanto, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), o pilar partidário do chavismo, formalizou no domingo o apoio a Nicolás Maduro para se voltar a candidatar à presidência.
“Agradeço todas as expressões de amor, todas as bênçãos, todo o apoio e vamos unir todos os que puderem ser unidos e convocados do povo para domingo, 28 de Julho”, afirmou Maduro, em reacção ao anúncio do PSUV.
As condições para a realização das eleições presidenciais deste ano foram negociadas entre o Governo e a oposição, num longo processo mediado pela Noruega, para tentar encontrar uma saída para a crise política venezuelana. Maduro comprometeu-se a dar garantias de que as eleições serão justas e livres, contando com a presença de observadores internacionais e com uma reformulação das autoridades eleitorais, a troco de promessas de alívio das sanções económicas impostas pelos EUA e os seus aliados.
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