Em Dia Internacional dos Enfermeiros, Guadalupe Simões, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, alega que desde a pandemia da covid-19, que não ocorreu qualquer alteração à tabela salarial dos enfermeiros.
Em entrevista ao NOVO, a responsável salientou ainda que existe cada vez menos enfermeiros em território português, apelando ser necessário, por exemplo, “mais enfermeiros nas escolas para promover os hábitos de vida saudável e acompanhar o fenómeno referido acima do aumento da incidência da diabetes nas crianças”.
Hoje, Dia Internacional dos Enfermeiros, os enfermeiros estão em greve contra as más condições de trabalho. Que outras reivindicações estão em cima da mesa?
Desde logo que o Ministério da Saúde emitiu orientações claras que permitiram ultrapassar as várias situações de inversão de posicionamento relativo entre enfermeiros, na grelha salarial, decorrente das várias opções políticas tomadas ao longo das últimas duas décadas: imposição de dois tipos de vínculo laboral, Contratos Individuais de Trabalho e Contratos de Trabalho em Funções Públicas, com regras diferentes; congelamento das progressões e promoções; imposição de duas carreiras de enfermagem com as consequentes transições sem valorização salarial.
Também, o pagamento dos retroactivos a 2018 e não a 2022 como o governo impôs. É inaceitável que tendo os enfermeiros finalmente conquistado o direito a ver o seu tempo de serviço (pontos) ser contabilizado para efeitos de progressão, sejam novamente penalizados comparativamente à restante Administração Pública que descongelou em Janeiro de 2018, progrediu e viu os salários aumentarem.
Ainda a paridade da carreira de enfermagem com a carreira técnica superior da administração pública. Finalmente a carência de enfermeiros. Portugal continua a registar uma enorme carência de enfermeiros.
Por exemplo, é preciso mais enfermeiros nas escolas para promover os hábitos de vida saudável e acompanhar o fenómeno referido acima do aumento da incidência da diabetes nas crianças. No lado oposto, precisamos de mais enfermeiros que garantam, cada vez mais, prestações de cuidados de saúde em casa das pessoas.
O que estimam fazer caso as reivindicações não sejam alcançadas? Mais greves? Seguir para Bruxelas tal como os professores fizeram?
Continuaremos a lutar por todos os objectivos que considerarmos, em conjunto com os enfermeiros, justos. As greves, as concentrações e a intervenção a vários níveis serão sempre possibilidades
Desde o início da pandemia, qual a evolução da tabela salarial?
Nenhuma. A tabela salarial dos enfermeiros registou os aumentos salariais que se aplicaram a toda a administração pública.
Em linha, quanto à emigração, quantos enfermeiros saíram do país e quantos demonstraram vontade para tal? Serão apenas as condições de trabalho dignas o motivo para esta ‘fuga’?
Não temos dados precisos sobre quantos efectivamente saíram do país. Sobre as razões da “fuga” não temos dúvidas que se prende muito com a oferta de melhores condições de trabalho noutros países. Sobre este assunto importa acrescentar que há anos que se debate na União Europeia a forma como alguns países, nomeadamente o Reino Unido, “canabalizam” os recursos de outros. Há anos que aquele país diminuiu a quantidade de enfermeiros que formam porque lhes fica mais barato ir buscar enfermeiros, primeiro às Filipinas e África do Sul, antigos países de leste e, mais recentemente, a Espanha e Portugal. Outros países seguiram o exemplo sem que exista qualquer contrapartida para os países que gastam dinheiro na sua formação inicial
Como vêem as eleições para a Ordem dos Enfermeiros? O que esperam que mude?
É mais um momento da vida democrática das organizações.
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