Crise do arroz na Guiné-Bissau – DW – 16/04/2024

Falta arroz na Guiné-Bissau, denuncia a Associação dos Consumidores de Bens e Serviços da Guiné-Bissau (ACOBES), numa altura em que Governo e importadores não conseguem chegar a consenso em relação à subvenção do produto.

O arroz já não se está a vender por saco. Vende-se ao quilo. E, mesmo assim, é difícil de encontrar, refere o secretário-geral da  (ACOBES), Bambo Sanha, em declarações à DW.

“Mesmo com dinheiro, a população não consegue encontrar arroz. Isso tem consequências muito negativas. Produtos duvidosos para o consumo humano [fora do prazo] começam a circular, porque não há alternativa para a população.”

Subvenção é um “fardo enorme”

Em agosto do ano passado, o anterior Governo da coligação PAI – Terra Ranka decidiu subvencionar a comercialização do arroz,para baixar os preços e facilitar o acesso ao produto. Agora, o novo Governo e os importadores não chegam a consenso em relação ao valor da subvenção. Para já, os importadores guardaram o arroz em armazéns, enquanto não se sai deste impasse.

O problema, segundo o diretor-geral do Comércio Externo da Guiné-Bissau, Lassana Fati, é que a situação económica do país não permite que o Governo continue a subvencionar a comercialização do arroz com cerca de 6,10 euros por saco.

“De agosto até aqui, tendo em conta as importações feitas, o Governo já pagou mais de quatro mil milhões de francos cfa [6,1 milhões de euros] de subvenção para manter o arroz no preço atual, o que é um fardo enorme para a economia do país”, afirma Lassana Fati.

Na próxima reunião do Conselho de Ministros, o Governo poderá já tomar uma “decisão definitiva” em relação ao preço do arroz no mercado nacional, avançou o diretor-geral do Comércio Externo.

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Possível subida do preço do arroz

Atualmente, um saco de arroz de 50 kg varia entre os 17.500 francos cfa (cerca de 26 euros) e os 22.500 francos cfa (cerca de 34 euros). Mas, segundo Lassana Fati, os preços poderão subircaso o Governo decida cortar a subvenção.

“Até aqui, o que faz com que não haja subida do preço do arroz é esta subvenção. Se cortar a subvenção, é óbvio que haverá uma subida do preço”, diz Lassana Fati, frisando que é só ao Governo que cabe decidir sobre a questão.

O líder da Associação dos Consumidores guineenses, Bambo Sanha, alerta para as possíveis consequências de uma subida dos preços do arroz: o aumento do custo de vida e da pobreza, e a insatisfação social. 

“A subvenção deve continuar a ser prioridade de qualquer Governo, para garantir a estabilidade social”, apela.

Aposta na produção local

O economista guineense Mamadu Serifo Baldé lembra que o mercado mundial do arroz está em crise. Por isso, sugere uma aposta na produção local.

“O Orçamento Geral do Estado é sempre deficitário. Imagine estar a subvencionar um produto [sem fundos] para fazer esta cobertura… Já que o Estado não tem dinheiro para subvencionar a venda do arroz, deve diminuir os impostos e negociar com os importadores”, propõe o economista.

O arroz é a base da dieta alimentar dos guineenses. Segundo dados do Ministério do Comércio, o país importa cerca de 150 mil toneladas do produto anualmente. Ontem, o Governo anunciou a distribuição de 5.000 toneladas de arroz, mas isso é uma gota de água no total consumido pela população.

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