Dados do censo da população e habitação de 2014 indicam que Angola tem de cerca de 25 milhões de pessoas, 63% das quais a viver nas zonas urbanas.
Vasco Cumabandala é natural do município de Londuimbali, província do Huambo. Há três anos decidiu deixar a sua terra natal e rumar à capital do país, Luanda, em busca de melhores condições de vida. “Na minha província era muito difícil adquirir alguma coisa para dar à minha família, por isso resolvi viajar para Luanda, para procurar qualquer coisa e enviar à família”, conta à DW.
E este não é um caso isolado. Os números do último censo indicam que um em cada quatro cidadãos reside na capital do país. Ainda de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), 66% da população tem menos de 25 anos de idade.
Para o diretor-geral da Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), Carlos Cambuta, o Executivo não tem sabido aproveitar, por via das políticas públicas, o facto de os jovens constituírem a maioria da população, daí o êxodo populacional para as zonas urbanas.
“Todos os dias nós temos acompanhado o êxodo rural. As pessoas abandonaram as aldeias porque perdem as esperanças nas aldeias. Não conseguem visualizar nem a curto, nem a médio, nem a longo prazo mudanças significativas que podem ocorrer nas aldeias”, afirma.
Esse movimento, por sua vez, resulta numa pressão populacional nos grandes centros urbanos, facto que condiciona o desenvolvimento sustentável destas cidades, segundo o INE. Exemplo disso é Luanda, a cidade concebida na era colonial para abrigar 500 mil habitantes, acolhe atualmente mais de 8 milhões de pessoas. A falta de saneamento básico, construções anárquicas e engarrafamentos sinalizam que Luanda é uma capital saturada, segundo as autoridades de Luanda.
Governo pede paciência
Manuel Homem, governador da província de Luanda, diz que a sua administração tem projetos para melhorar a qualidade de vida dos habitantes de Luanda, mas pede paciência e colaboração dos citadinos.
“É fundamental para que os projetos que estamos a desenvolver nos diferentes domínios, como o programa de ordenamento do comércio, do programa de melhoria das infraestruturas e as vias secundárias e terciárias, a melhoria dos equipamentos sociais, dos hospitais e das escolas possam ter o êxito que se espera”, declarou.
Quanto ao sucesso da combinação crescimento populacional-desenvolvimento sustentável, o presidente do maior partido da oposição, a UNITA, tem dúvidas. Adalberto Costa Júnior acredita que as autarquias locais são condição sine qua non para que a situação melhore:
“É nossa convicção que, para se alcançar este desiderato, devemos lutar para a institucionalização das autarquias e impedindo que o regime se furte, uma vez mais, ao cumprimento deste compromisso de honra”, sublinha.
Mas Manuel Homem diz que já existem ações que apontam para a melhoria da quantidade de vida em Luanda: “Estamos a dar alguns passos para continuarmos a melhorar a qualidade de vida dos munícipes de Luanda. Também temos consciência de que estes desafios são superados de forma gradual.”
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