Eventos climáticos extremos impulsionaram a alta significativa no número de casos de malária em todo o mundo no ano passado, segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS.
Em nível global foram registrados 249 milhões de casos da doença durante o período, em comparação com 244 milhões em 2021. Os dados são do Relatório Mundial sobre a Malária de 2023, lançado nesta quinta-feira em Genebra.
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A análise destaca que esse total está 16 milhões acima das notificações registradas em 2012, antes da Covid. A África concentra cerca de 94% dos 233 milhões de casos e 95% das 608 mil mortes provocadas pela malária.
No caso de países lusófonos, o relatório revela que Angola superou em 25% o total de casos e mortes em relação ao período anterior à Covid-19.
O Brasil reduziu a incidência de malária em cerca de 25%, um decréscimo considerado substancial. Foram menos 28 mil casos em comparação com o período pré-pandemia.
A Guiné-Bissau teve um aumento de cerca de 5% em casos. Na mesma região, São Tome e Príncipe atingiu uma taxa de pacientes de malária acima de 55% em relação ao pré-Covid.
Total global de óbitos
Moçambique registrou quase 4,2% dos casos em nível global, estando entre os quatro países que juntos concentram quase metade de pacientes de malária no mundo. Já Timor-Leste não registrou casos de malária pelo segundo ano consecutivo.
O número global de óbitos no período em análise teve uma queda em comparação com os 610 mil registrados em 2021. Os totais ainda superam as 576 mil mortes registradas em 2019.
A OMS apela aos países para que aumentem ações de combate às alterações do clima. A agência aponta as inundações e o aumento da temperatura como razões para uma “tempestade perfeita” de mosquitos, que aumentam os casos de malária.
A publicação que examina a ligação entre as alterações climáticas e a malária revela que as mudanças na temperatura, a umidade e a precipitação influenciaram o comportamento e a sobrevivência do mosquito Anopheles, que transmite a doença.
Redução do acesso aos serviços essenciais
Para o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, as alterações do clima representam um risco substancial para os progressos no combate à malária, especialmente em regiões vulneráveis.
O chefe da agência da ONU destaca que mais do que nunca é preciso que as respostas sejam sustentáveis e resilientes, juntamente com ações urgentes para abrandar o ritmo do aquecimento global e reduzir os seus efeitos.
Com as variações do clima, esperam-se efeitos indiretos nas tendências da malária como redução do acesso aos serviços essenciais contra a doença e perturbações na cadeia de abastecimento de redes tratadas com inseticida, medicamentos e vacinas.
O relatório destaca que o deslocamento da população devido a fatores induzidos pelo clima também pode levar a uma alta de casos da malária, à medida que pessoas sem imunidade migrem para áreas endêmicas.
Vacinas contra a malária recomendadas pela OMS
O relatório também cita realizações tais como a implementação faseada em três países africanos da primeira vacina contra a malária recomendada pela OMS, a Rts,s/AS01.
A redução de casos foi substancial e a queda nas mortes chegou a 13% na primeira infância em todas as causas nas áreas onde a vacina foi administrada em comparação com áreas onde não houve o tipo de imunização.
Os avanços no combate à malária se estenderam às áreas onde foram implementadas intervenções como distribuição de redes, pulverização com inseticidas dentro das casas e outras medidas relacionadas à saúde infantil.
Em outubro, a OMS adotou a vacina R21/Matrix-M. a expectativa é que a aplicação dos dois imunizantes aumente a oferta e seja possível alargar a distribuição na África.
No total, 34 países reportaram menos de mil casos de malária, em comparação com apenas 13 nações no ano 2000. O total revela avanços na eliminação. Este ano, Azerbaijão, Belize e Tajiquistão foram declarados livres da malária.
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