Brasil aposta na criação de uma indústria de transporte marítimo global

Cerca de 90% do comércio do Brasil é feito por mar, mas com o recurso a navios de bandeira estrangeira. Lula da Silva quer mudar o sector. Ao mesmo tempo, quer implantar uma indústria farmacêutica que torne o país autossuficiente.

O presidente do Brasil, Inácio Lula da Silva, assumiu o compromisso de recuperar a indústria naval brasileira para aumentar a geração de emprego e contribuir para o crescimento da economia. A meta foi definida durante o anúncio de início das obras de dragagem do Canal de São Lourenço, em Niterói. “Não tem sentido haver défice comercial na balança por conta de os nossos produtos serem exportados e comprados em navios de bandeira estrangeira”, afirmou.

“Não é possível que num país do tamanho do Brasil, em que 90% de todo o comércio é feito através do mar, haver um défice comercial” motivado pelo segmento dos transportes. O aluguer de navios estrangeiros prejudica a criação de empregos e as PME indústrias brasileiras, o que motivou o governo federal a mudar o cenário.

Lula da Silva, citado por comunicado do próprio governo, enfatizou a relevância das obras de dragagem do Canal de São Lourenço e lembrou o trabalho desempenhado no seu primeiro mandato, iniciado em 2003, para recuperar a indústria naval brasileira. O Brasil saiu de menos de três mil trabalhadores para 86 mil na indústria naval, “com todos os estaleiros do Rio de Janeiro a funcionarem, de Niterói, em Pernambuco, na Bahia, no Rio Grande do Sul, em Rio Grande e também no Espírito Santo.

Na mesma cerimónia, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou a importância da cidade de Niterói para a indústria naval. “O presidente Lula, desde o primeiro momento, colocou que era uma prioridade do seu governo poder fortalecer o Porto de Niterói, a indústria naval de Niterói, para que possa voltar a gerar emprego, gerar receita e, sobretudo, trabalhar pelo desenvolvimento económico da região”, declarou.

A obra soma 28,7 milhões de euros (157 milhões de reais) em investimentos, resultantes de uma parceria entre a Prefeitura de Niterói e a Companhia Docas do Rio de Janeiro, empresa pública ligada ao governo federal.

Para o governo, a intervenção vai alavancar toda a produção sectorial e gerar, ao longo da execução da obra, cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos. O Porto de Niterói prevê mais de 30% de aumento na atracagem e nos serviços portuários após a dragagem do Canal de São Lourenço.

Na indústria farmacêutica

Ao mesmo tempo, o governo está a implementar investimentos na área da indústria farmacêutica – através da inauguração da primeira unidade fabril de produção nacional do medicamento Fator VIII recombinante (Hemo-8r), no Complexo Industrial da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Pernambuco. “Se nós, brasileiros, que queremos um país soberano, que queremos um país capaz de ter uma indústria da saúde, porque nós temos o órgão consumidor, não temos por que não acreditar que podemos ter um polo industrial na área da saúde, para competir com qualquer outro país do mundo, por mais rico que seja”, afirmou Lula da Silva.

A previsão é de que a nova fábrica esteja em atividade a partir de 2025, com distribuição dos produtos para o Sistema Único de Saúde (SUS, o SNS brasileiro). A capacidade produtiva da fábrica será de 1,2 mil milhões de unidades por ano, suficientes para abastecer 100% da procura interna. A Hemobrás trabalha ainda para concluir a implantação de uma fábrica de hemoderivados e iniciar a sua operação até 2026.

O investimento, que totalizou cerca de 220 milhões de euros, representa o maior aporte em biotecnologia na área da saúde no Nordeste brasileiro até o momento. A iniciativa faz parte da estratégia nacional para o desenvolvimento do Complexo Económico-Industrial da Saúde. Lula da Silva recordou da

Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a Hemobrás é um símbolo da ciência e tecnologia em saúde no Brasil e “é considerada uma empresa estratégica de defesa, que garante soberania nacional, pois só cinco países detêm a tecnologia que o Brasil agora deterá. A intenção do governo é exportar o medicamento para países que não possuem a tecnologia. Segundo o governo, a nova unidade tem forte impacto na geração de emprego, com previsão de criação de dois mil novos postos de trabalho.


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