Bauru x Campinas: final da Superliga tem Brasil x Argentina em duelo de maiores pontuadores | vôlei

A soberania mineira – que dominou os últimos dois anos na Superliga masculina -, saiu de cena. O interior de São Paulo, representado por Bauru e Campinas, reapareceu nesta final do torneio, marcada para as 10h da manhã deste domingo (28), no Ginásio Geraldão, no Recife. A capital pernambucana é a primeira cidade do Nordeste a receber uma decisão do torneio e deve repetir o sucesso do confronto entre Minas e Praia Clube, realizado na semana passada, no feminino.

A Globo, o sportv 2 e o ge transmitem a final da Superliga feminina de vôlei neste domingo (21), às 10h, no Ginásio Geraldão, no Recife (PE).

Sesi-Bauru 3 x 0 Joinville | Melhores momentos | Semifinal da Superliga masculina de vôlei 2023/2024

O Bauru foi o terceiro colocado na fase de classificação, ficou atrás apenas de São José e Cruzeiro, o líder que buscava o tricampeonato consecutivo. O Bauru – que em junho de 2023 deixou a sede na capital paulista e mudou o projeto para o interior -, avançou de fase conduzido pelo jovem Darlan Souza, que despontou pela seleção brasileira em 2023. O jogador converteu 604 pontos no torneio, é o principal pontuador e o melhor sacador da Superliga e deve ser convocado para disputar as Olimpíadas de Paris. O time também conta com Éder, medalha de ouro na Rio 2016, com o promissor Lukas Bergmann, e é comandado pelo técnico Anderson Rodrigues, que subiu ao topo do pódio em Atenas 2004.

O Campinas, por sua vez, avançou em oitavo lugar para a fase seguinte. Nas quartas, eliminou o favorito Cruzeiro em um embate eletrizante, por 3 a 2. A vitória contra o então líder do campeonato elevou o nível de confiança do time que, na semifinal, despachou o Guarulhos. Conduzido em quadra pelo experiente Maurício Borges, medalhista de ouro na Rio 2016, a equipe do técnico Horacio Dileo tem ainda o promissor Adriano, o capitão argentino Demian González e seu compatriota “hermano” Bruno Lima, segundo maior pontuador desta temporada. O oposto, inclusive, foi quem mais anotou pontos nas Olimpíadas de Tóquio e faturou a medalha de bronze nos Jogos.

Campinas 3 x 0 Guarulhos | Melhores Momentos | Semifinal Superliga Masculina de Vôlei

O Bauru busca o bicampeonato da Superliga Masculina de Vôlei. Na temporada 2010/2011, quando ainda tinha sede na capital paulista, o time conquistou a competição pela primeira vez. O Campinas, vice-campeão na edição 2015/2016, tenta o título inédito.

Confira abaixo outros destaques:

A rivalidade entre Brasil e Argentina estará presente, principalmente, no duelo dos maiores pontuadores desta edição. Darlan, do Bauru, e o “hermano” Bruno Lima, do Campinas, somam mais de 1000 pontos ao longo da competição. O brasileiro, que tem sido presença constante nas convocações da seleção, espera levar não só o título, mas também vantagem neste confronto à parte.

– Será um duelo muito bom (risos). Ele é um oposto muito bom de verdade, foi terceiro lugar nas Olimpíadas. Vai ser difícil pará-lo, mas faremos de tudo para minimizar a quantidade de pontos que ele vai fazer. Espero muito que dê Brasil. O time dele tem alguns argentinos, como o técnico e o levantador… Que vença o melhor, quem fizer mais, aquele que merecer mais. Espero que seja o Sesi Bauru, espero que o Brasil ganhe (risos) – disse o craque, que bateu recorde ao anotar 48 pontos em um único jogo do torneio.

Darlan comemora ponto com a torcida do Sesi-Bauru — Foto: Felipe Wiira/Sesi-Bauru

Autor de 460 pontos na temporada atual da Superliga, Bruno Lima, que assim como Darlan busca seu primeiro troféu do evento, guarda boas recordações do Ginásio Geraldão. Foi ali que, em 2023, ele conquistou o Sul-Americano com a camisa argentina diante do Brasil.

– É uma mística do esporte, a rivalidade também está no vôlei, mas o mais importante é ganhar. O ginásio é gigante, cabe muita gente, a torcida faz barulho. É um local lindo para jogar.

Bruno Lima já foi campeão no Geraldão — Foto: Pedro Teixeira/Vôlei Renata

No banco de reservas também há um confronto entre Brasil e Argentina. E, sobretudo, uma disputa entre os amigos e rivais Anderson Rodrigues, técnico do Bauru, e o comandante do Campinas, Horacio Dileo. O treinador brasileiro, colecionador de títulos com a amarelinha no início dos anos 2000, frisa que a rivalidade é sadia e fala com carinho do colega de profissão.

– Somos amigos desde quando ele chegou ao Brasil. Fizemos um curso em Uberlândia em 2012. Tenho muito carinho por ele, é uma grande pessoa, um grande técnico. A gente troca mensagem. A rivalidade vai até certo ponto, não posso ultrapassar o limite dele, nem ele o meu. A gente se respeita. Dentro do jogo tem uma cordialidade entre cavaleiros. Eu aposto no Sesi Bauru (risos), tivemos uma campanha mais sólida, mas eles vão entrar como franco-atiradores, pois passaram em oitavo lugar.

Anderson Rodrigues e Horacio Dileo no Ginásio Geraldão — Foto: divulgação/CBV

Horacio Dileo enalteceu o trabalho desempenhado por Anderson Rodrigues à frente do Bauru e frisou que a rivalidade, seja em que esfera for, não pode cruzar a linha e se transformar em desrespeito.

– A gente se conheceu melhor em um curso de técnico. Ele é uma pessoa maravilhosa. Fico muito feliz que ele tenha conseguindo colocar o Sesi na final. A sua lealdade, honestidade, sua convicção no trabalho… Foi o time que mais melhorou na segunda parte do ano, falei isso a ele. Eles querem ganhar de nós, e nós queremos ganhar deles. Rivalidade é normal. A única coisa que não aceito na rivalidade é agressão, desrespeito – explicou o comandante, que torce para o River Plate quando o assunto é futebol.

A final da Superliga masculina, a primeira realizada no Nordeste, será transmitida em TV aberta. A competição – a última entre clubes antes da Liga das Nações e dos Jogos Olímpicos – serve de vitrine para os jogadores que tentam despertar a atenção da comissão técnica da seleção ou até mesmo de equipes do exterior. Lukas Bergmann, eleito o craque da última partida da semifinal, figura dentre os 30 nomes da lista divulgada por Bernardinho, treinador do Brasil, e acredita que uma atuação na final pode ajudá-lo a evidenciar seu trabalho.

– Isso é decisão do Bernardinho e da comissão, mas uma decisão boa por parte do time e minha também pode ajudar na convocação e pintar uma vaga na Liga das Nações e até em Paris. É o sonho de todo atleta participar de uma Olimpíada. Eu nunca participei da VNL (Liga das Nações), já seria um grande passo. Eu tenho foco nesses dois passos, acredito no trabalho. Mas, se não vier a oportunidade, tudo bem, ainda sou novo.

Bergmann (centro) comemora ponto contra o Minas — Foto: Hedgard Moraes/Minas Tênis Clube

Reencontro de campeões olímpicos

Bauru e Campinas têm um fator em comum fora das quatro linhas: a presença de campeões olímpicos nos Jogos de Atenas, em 2004. Anderson Rodrigues, técnico do Bauru, é peça importante na construção do time há muitos anos. Foi capitão da primeira formação masculina, na temporada 2009/2010. Em 2020, retornou ao clube para trabalhar com as categorias de base e para auxiliar Marcelo Negrão no time principal.

André Heller e Maurício Lima trabalham no Campinas — Foto: divulgação

No Campinas, o ex-levantador Mauricio Lima, que nasceu na cidade e defendeu o clube que na época tinha outro nome, e o gaúcho ex-central André Heller trabalham na área de gestão. Ambos foram companheiros de Anderson nas Olimpíadas e vão se reencontrar no Recife.

O Recife foi a cidade escolhida para sediar as finais da Superliga feminina e masculina em 2024. E a capital pernambucana, embora não tenha nenhum representante na decisão, conta com jogadores nascidos na região. A expectativa é que dezenas de amigos e familiares prestigiem a decisão.

Maurício Borges é um dos nordestinos envolvidos na final — Foto: Pedro Teixeira/Vôlei Renata

O Bauru tem Thiery, natural de Campina Grande (PB), o também paraibano Thiaguinho, da capital João Pessoa, e Vinicius Piauí, que é de Teresina. O Campinas, por sua vez, conta com o alagoano Maurício Borges, medalhista de ouro na Rio 2016, e Lucas Borges, de João Pessoa.

Comentarista da TV Globo, a ex-líbero Fabi, bicampeã olímpica, analisa a final entre Bauru e Campinas, dois enredos bem diferentes que desaguaram na decisão.

– É uma final surpreendente, são times que se superaram no campeonato. O Bauru foi mais linear ao longo da temporada. Tem o principal destaque, que é o Darlan, e a afirmação do Lukas Bergmann, um jogador super jovem, carregado de expectativa. O Thiaguinho regeu o time ao lado do Éder, um campeão olímpico. Vai ser bem interessante essa final.

– O Campinas é uma daquelas histórias que você fica impressionado. Conta com o Demian González, único remanescente da única final do clube, com o Bruno Lima, maior pontuador das Olimpíadas de Tóquio, houve o crescimento do Adriano… Tem muita coisa interessante dos dois lados, histórias de superação. É uma final que talvez ninguém apostasse num primeiro momento, mas ambos chegam com méritos.

Bauru e Campinas vão atrair nove mil pessoas ao Geraldão — Foto: Maurício Ferry/PCR

Medalhista de ouro na Rio 2016, William Arjona, comentarista de vôlei da TV Globo, enxerga uma partida sem favoritismo e, devido ao equilíbrio, não acredita em um placar de 3 a 0, por exemplo.

– É um confronto totalmente aberto, porque as duas equipes chegaram bem na fase final. O Campinas passou um sufoco, mas foi ganhando moral e vem muito forte. Tem o Mauricio Borges dando uma estabilidade grande na linha de passe, o Demian González, Adriano, Lukinha… o time encaixou. O Sesi Bauru foi mais estável. Gosto do equilíbrio com um levantador mais experiente, o Thiaguinho, em uma temporada muito boa. Há o Éder e o Guiga, um central e um ponteiro mais experientes, que “seguram a bronca”. O oposto vive um momento especial na carreira, batendo recordes, que é o Darlan. O Lukas Bergmann faz uma temporada espetacular. O Pureza, para mim, é um dos melhores líberos da Superliga, assim como o Lukinha, do Campinas. É um jogo aberto, não vejo favoritismo para nenhum lado. Vai ser muito disputado, dificilmente veremos um 3 a 0.

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