Após fechamento na Argentina, Maduro defende Telesur e

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta segunda-feira (6) que o chefe do Executivo da Argentina, Javier Milei, “tem medo da Telesur” e que ele “não vai poder censurar” a emissora que tem sede em Caracas. A fala foi resposta à medida da Casa Rosada de cancelar o sinal do canal multi-estatal veiculado pela Televisão Digital Aberta (TDA) da Argentina.

“Milei está com medo, ele tem medo da Telesur. A Telesur vai ser vista pelas pessoas em todas as redes sociais, você não vai poder censurar a Telesur, fique tranquilo. Milei, você tem medo da verdade das pessoas”, disse durante o programa semanal Con Maduro+.

A resposta de Maduro foi motivada pela forte ligação histórica da Venezuela com a emissora e é mais um episódio na relação turbulenta entre o país e a Argentina. A Telesur foi criada em 24 de julho de 2005, e partiu da iniciativa do então presidente venezuelano Hugo Chávez e do comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro, de criar uma televisão multi-estatal. A inauguração do canal coincide com o aniversário de 222 anos do libertador da América Latina, Simón Bolivar.

A estruturação da emissora foi apoiada também pela Argentina, Nicarágua, Equador e Bolívia. A sede principal está em Caracas desde a fundação, mas a Telesur tem uma unidade também em Quito, Equador. O canal tem transmissão na América Latina, Norte da África e Europa ocidental, além de transmissão ao vivo 24 horas por internet, com programação em espanhol, inglês e português.

Maduro também comentou a declaração de Milei sobre as Ilhas Malvinas. O argentino havia dito em entrevista à BBC que reconhece que o território está hoje sob controle do Reino Unido e que não existe uma solução instantânea para recuperá-la. Segundo Maduro, isso é “o que querem as oligarquias: ter presidentes títeres na América do Sul” para entregar territórios “como a Guiana”. 

O venezuelano disse que os projetos como Milei na Argentina e Jair Bolsonaro no Brasil são aplicados para tirar as riquezas e transformar os países latinoamericanos em colônias. Por isso, Maduro chamou Milei de “lesa pátria desprezível”. 

A relação entre Venezuela e Argentina é no mínimo turbulenta desde que Milei tomou posse em dezembro de 2023. Antes mesmo de assumir, o argentino disse que romperia relações com os venezuelanos e não indicou um novo embaixador para Caracas. Em diversas ocasiões o argentino chamou Maduro de “ditador”. O venezuelano chegou a dizer que encabeçaria uma articulação contra a Venezuela para que as sanções contra o país aumentassem.

O chefe do Executivo venezuelano respondeu afirmando que os argentinos cometeram um “erro fatal” ao eleger Milei e que o argentino representa o “sionismo, o novo fascismo”.

A relação entre Milei e Maduro também se deu em uma disputa pelo avião da estatal venezuelana Emtrasur. A aeronave foi retida no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, em junho de 2022 por um tratado de cooperação judicial entre a Argentina e os EUA. O avião foi impedido de abastecer e voltar para a Venezuela. O governo dos EUA confiscou o avião em 12 de fevereiro. A aeronave deixou a capital argentina e chegou em Miami, nos Estados Unidos. 

Em resposta, a Venezuela fechou o espaço aéreo para voos que tenham como origem ou destino a Argentina. O chanceler venezuelano, Yván Gil, chamou o governo argentino de “neonazi” e disse que a gestão do presidente Javier Milei é “submissa e obediente” aos EUA.

Edição: Rodrigo Durão Coelho


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