América Latina em transe com tensões entre países

Em dezembro do ano passado, entretanto, a Venezuela organizou um referendo que aprovou a anexação ao país da região de Essequibo, que representa hoje 75% do território da vizinha Guiana. Essequibo, com 159,500 km2 (Portugal tem 92,212), foi atribuído ao Reino Unido em 1899 como herança dos Países Baixos, de acordo com o Laudo de Paris, resolução considerada fraudulenta pela Venezuela. Na época, a Guiana fazia parte do império britânico.

Em 1966, quando o processo de independência das colónias do Reino Unido estava em curso, a diplomacia de Caracas conseguiu que Londres reconhecesse o direito a discutir a posse da região no chamado Acordo de Genebra, o que foi lembrado por Nicolás Maduro, líder da Venezuela, após a descoberta em 2015 de campos vasos de hidrocarbonetos no litoral de Essequibo pela petrolífera Exxon-Mobil que fazem da Guiana o país que mais cresce ao ano na América do Sul.

“Essequibo é nosso”, foi dizendo nos últimos meses Maduro, que quer que o tema seja central nas eleições presidenciais venezuelanas marcadas para outubro e, por isso, passou por cima da decisão do Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, de proibir o referendo. Observadores internacionais na região ainda temem um conflito até porque o poderio militar da Venezuela é incomparavelmente superior ao da Guiana, resumido a 3400 agentes da polícia, e Georgetown pediu, por isso, apoio ao Departamento de Estado dos EUA, o que motivou repúdio venezuelano.

Com tantas tensões no subcontinente, a cimeira marcada para os dias seguintes à invasão da embaixada mexicana em Quito da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), organização criada em 2011 em Caracas para servir de alternativa à OEA, fundada em 1948 em Washington sob a influência dos Estados Unidos, era aguardada com muita expectativa. Mas apenas 10 líderes dos 33 países integrantes do organismo compareceram, deixando sem efeito o pedido de Obrador para uma denúncia formal contra Noboa no Tribunal Internacional de Justiça.

A CELAC, aliás, é palco da tensão política na região: os países hoje governados à esquerda apoiam a gestão da presidente hondurenha Xiomara Castro, aqueles sob lideranças de direita acusaram-na de manifestar opiniões pessoais, nomeadamente na guerra Israel-Hamas, em nome do organismo.    

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