A UNITA anunciou que o ataque de sexta-feira contra uma caravana do partido na província angolana do Cuando Cubango causou dez feridos, quatro dos quais graves, corrigindo a informação dada inicialmente por um seu dirigente que dava conta de um morto.
O presidente do partido, Adalberto Costa Júnior, divulgou este sábado nas redes sociais um novo comunicado do grupo parlamentar que explica a informação errónea avançada primeiramente pelo líder do grupo parlamentar, Liberty Chiaka: de facto, houve um homem “abandonado no terreno (inanimado), tido por falecido”, mas que acabaria por ser socorrido pelos bombeiros ao final da tarde de sexta-feira. Levado para o hospital com um traumatismo craniano, só às 23h de sexta terá recuperado a consciência.
Aliás, numa versão posterior, na sexta-feira, o grupo parlamentar já actualizara a informação, falando em nove feridos, quatro deles em estado grave, e dois desaparecidos; um deles seria, então, este homem deixado para trás. No comunicado divulgado por Adalberto Costa Júnior já não se refere qualquer desaparecido e os dez feridos são identificados com nome, idade e tipo de ferimento.
O comunicado aproveita para condenar o ataque e exortar as autoridades competentes a instaurarem um inquérito e responsabilizar os culpados pelo ataque à caravana de nove veículos onde seguiam os deputados João Kaweza, David Kisadila, Jeremias Abílio e o assessor Maurílio Luiele, que se encontravam na província do Cuando Cubango para as jornadas municipais.
O grupo parlamentar salientou que a caravana foi “alvo de um ataque, perpetrado por supostas milícias do regime”, a meio da manhã de sexta-feira, no troço Longa-Cuíto Cuanavale, tendo a acção resultado também em danos materiais em oito das nove viaturas que integravam a coluna.
“No momento do ataque, os agressores gritavam ‘no Cuíto Cuanavale só há entrada, não há saída para a UNITA’, numa autêntica demonstração de intolerância política, empunhando armas de fogo, paus e catanas e arremessando pedras aos membros da delegação de deputados”, descrevem.
“O grupo parlamentar da UNITA condena a postura de cumplicidade do Governo Provincial do Cuando Cubango e da Polícia Nacional local que, instados a garantir segurança à delegação, nos termos da lei, não o fizeram”, sublinha-se na nota.
O principal partido da oposição em Angola pede ao Presidente João Lourenço que assuma “as suas responsabilidades de defesa da vida, dos direitos, liberdades e garantias fundamentais de todos os cidadãos”, condenando veementemente a acção, que classificou como “actos de terror, ódio, fundamentalismo partidário e intolerância política”.
“O grupo parlamentar da UNITA insta, igualmente, o senhor Presidente do MPLA a orientar a suas estruturas para adesão plena ao espírito dos acordos de paz, tolerância e reconciliação nacional genuína”, diz ainda o comunicado.
Polícia fala em quatro feridos
A Polícia Nacional angolana veio reconhecer que o incidente aconteceu mesmo, desmentindo a existência de qualquer morte e reduzindo o número de feridos a quatro.
“Ao contrário do que se aventa, não houve registo de perdas humanas, constatou-se que houve quatro feridos, um dos quais foi socorrido pelas forças policiais [e levado] para o Posto Médico comunal”, disse a polícia numa nota à imprensa, citada pela Voz da América.
Garantindo ter reforçado “as medidas operacionais com as forças da Unidade de Reacção e Patrulhamento para a reposição da ordem”, o comando provincial da polícia no Cuando Cubango sublinha que “não recebeu qualquer solicitação de escolta” e que, assim que soube do ataque, “fez deslocar dispositivo policial e constatou que se tratou de um acto protagonizado por cidadãos da referida localidade, que arremessaram objectos contundentes à referida caravana”.
No seu comunicado deste sábado, Adalberto Costa Júnior desmente a versão da polícia, dizendo que o secretariado provincial do partido enviou “uma comunicação” ao comando provincial a dar conta da deslocação dos deputados ao município do Cuíto Cuanavale. “Ao abrigo da lei a polícia devia garantir a segurança da delegação, o que não aconteceu.”
Segundo o presidente da UNITA, “a justificação da Polícia Nacional, segundo a qual a delegação não tinha solicitado escolta policial” só “revela desconhecimento” das autoridades policiais em relação às suas obrigações e “uma tentativa velada de eximir-se de responsabilidades constitucionais e legais”.
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