A marca de chocolates premium de São Tomé e Príncipe tem uma nova loja em Cascais
A Diogo Vaz abriu um espaço no Mercado da Vila, em outubro. O conceito “tree to bar” torna o produto único.
Desde o passado mês de outubro, que ir à loja número 1 do Mercado da Vila, em Cascais, é fazer uma viagem até São Tomé e Príncipe, através dos aromas dos chocolates Diogo Vaz. O grande anfitrião é o cacau santomense, apresentado numa grande variedade de produtos premium, já que a marca faz parte dos dez por cento de chocolateiros no mundo que aposta no conceito “tree to bar” (isto é, da árvore para a tablete), já que é muito raro ter a plantação de cacau e a fábrica no mesmo sítio.
Esta vantagem foi uma aposta de Marina Martin e da família, natural de França, que em 2005 se apaixonaram pela ilha de São Tomé, quando a visitaram pela primeira vez, e decidiram investir na roça Diogo Vaz, que nasceu em 1880, protegida por uma vegetação imensa, com uma floresta de cacaueiros que cobria mais de 420 hectares. “Na altura viajei até lá com o meu pai e fiquei apaixonada por esta ilha maravilhosa assim que a conheci. Mais tarde, já em 2011, decidimos avançar com a reabilitação da roça”, conta.
A plantação de cacau, uma das mais antigas da ilha e já com pouca produtividade, foi alvo de recuperação. “Plantámos 100 mil árvores, cacaueiros. Também reabilitámos as antigas casas coloniais. A propriedade tinha uma aldeia e uma escola, mas não havia nem água nem eletricidade, fizemos tudo do zero para pôr a roça funcional e poder dar melhores condições a quem trabalha lá”, revela Marina.
No início, o investimento tinha como objetivo produzir cacau e vendê-lo em grãos para chefs chocolateiros espalhados pelo mundo, até surgir a ideia de começar a produzir os próprios chocolates. “No início, começámos a transformar a fruta em grãos torrados, para poder fazer exportação em contentores. Os grãos de cacau não podem ser exportados frescos, porque se estragam. Trabalhámos assim durante quatro anos, a vender grãos de cacau para vários países da Europa, para chocolateiros, sempre no conceito “bean to bar” (grão para tablete)”, revela a responsável.
Em 2016, decidiram dar mais um passo e arriscar tornarem-se também produtores. “São Tomé é conhecida como a ilha do chocolate. Sabemos que cada roça é diferente, pela localização, e estando no noroeste da ilha, numa zona à beira do mar, onde o solo é vulcânico e muito rico, quisemos testar o grão. Fizemo-lo com a ajuda de um chocolateiro de França, que transformou o nosso grão numa tablete de 65 por cento amelonado, uma das castas que temos, e ganhámos logo uma medalha de ouro” revela Marina.
“Isto convenceu-nos a desenvolver esta parte e construímos uma fábrica mesmo em São Tomé, perto da plantação, para nos tornarmos ‘tree to bar’, que é muito raro, porque muitas marcas têm a fábrica na Europa, por exemplo”, revela Marina.
A responsável aponta ainda as mais-valias de ter a produção no local: “O fruto mantém as suas características e isso torna o nosso produto único. O facto de ter a fábrica dentro da plantação, permitiu-nos fazer algumas receitas que não seriam possível com uma fábrica fora do país, por exemplo, temos um chocolate feito com grão não torrado, 70 por cento amelonado e 70 por cento trinitário, para descobrirem as diferenças entre as castas. E estas tabletes unroasted têm todas as particularidades dos chocolates de 70 por cento cacau, mas não são amargos”, sublinha Marina.
O segredo está em trincar o chocolate três ou quatro vezes e depois deixá-lo derreter, para sentir todos os aromas do cacau. “É o facto de o grão ser torrado que dá o sabor amargo ao chocolate, mas quando é exportado tem mesmo que se torrar e, por isso, as pessoas não sabem que existe esta versão. É uma tablete muito rara. Desenvolvemos uma gama premium de chocolates desde o 65 por cento até ao 100 por cento”, revela Marina.
A marca começou então a desenvolver chocolates próprios, em 2018, quando a plantação começou a dar frutos com qualidade. Hoje, há produtos feitos a partir de três variedades: amelonado, trinitário e catongo. Com certificação biológica desde 2016, a produção do cacau é feita artesanalmente, por quem vive e trabalha na roça. É lá que são desenvolvidas as tabletes e bombons que chegam a Portugal.
No processo de expansão, a Diogo Vaz chegou a abrir uma loja em Lisboa, em 2019, que mais tarde fechou devido à pandemia. Em 2023, este projeto familiar quis voltar a reforçar a presença em Portugal e, desta vez, foi Cascais que ganhou um espaço inteiramente dedicado aos chocolates Diogo Vaz. A escolha do local prende-se com o facto de ser aqui que Marina mora há dez anos. O plano é levar este conceito de loja a outros locais do País e criar parcerias com marcas de luxo.
As tabletes custam entre 9,90€ e 11,90€. Como presente, existe a opção de oferecer um coffret com quatro ou cinco tabletes diferentes, pelo valor de 49€ ou 55€. Já a caixa de bombons fica a 24€, onde encontra diferentes sabores e recheios. Os tubos com pastilhas de degustação ficam a 8,80€ e os nibs de cacau a 7,90€.
A marca aposta também na criatividade para chegar a produtos que possam agradar a todos os gostos como, por exemplo, as orangettes (laranjas cobertas com chocolate), as trufas ou as drageias de avelã. Segundo Marina, quem se habitua a saborear chocolate de qualidade, com elevada percentagem de cacau, deixa de conseguir consumir os chocolates açucarados de supermercado. Por lhe ter acontecido isso, decidiu criar uma versão premium de um conhecido chocolate, a que chamou Diogorone (9,90€).
Pode passar pela loja em Cascais, para provar alguns dos produtos, ou adquiri-los através da loja online. É também no site da marca que pode ficar a conhecer melhor a história da roça Diogo Vaz, as fases da produção e a missão que assumiu na área ambiental e social da ilha.
Carregue na galeria para conhecer o espaço, alguns produtos da marca e também a roça em São Tomé.
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Tem uma plantação de 420 hectares de cacaueiros.
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