Guiné-Bissau: Ex-Presidente da CEDEAO expulsa missão da organização no seu país

O Presidente cessante guineense e candidato à sua própria sucessão, Umaro Sissoco Embaló, ex presidente da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que defendera a criação de uma força anti-golpe e que em 2023 instruíra o Mali, Burkina Faso e o Níger a “organizarem eleições, e deixarem o poder”, expulsou a missão da organização sub-regional que presidiu que forçou a missão a deixar a Guiné-Bissau precipitadamente.

A Missão, seguindo a diretiva da Autoridade dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, o Presidente da Comissão da CEDEAO, Omar Alieu Touray, enviou uma missão política de alto nível à Guiné-Bissau de 21 a 28 de fevereiro de 2025 para apoiar os esforços dos actores políticos e outras partes para chegar a um consenso político sobre um roteiro para a realização de eleições inclusivas em 2025, lê-se num comunicado da organização.

Uma missão realizada conjuntamente pela CEDEAO e pelo Escritório das Nações Unidas para a África Ocidental e o Sahel (UNOWAS).

Tudo começara bem. A Missão foi recebida em audiência pelo Presidente da República e realizou consultas com partes interessadas nacionais, incluindo autoridades, actores políticos, entidades de gestão eleitoral e representantes da sociedade civil, bem como parceiros bilaterais, regionais e internacionais, tal como precisa o comunicado da Missão.

Nos encontros, apesar de não estarem agendados previamente, a Missão acabou por reunir com partidos políticos divididos internamente, cuja uma ala apoia a recandidatura do Presidente guineense, e outra ala posiciona-se radicalmente contra. Estes encontros estarão na origem da contenda presidencial.

Após as ameaças de Umaro Sissoco Embaló, relata o Comunicado da organização sub-regional, “a Missão partiu de Bissau na madrugada de 1º de Março”, e irá apresentar relatório ao Presidente da Comissão da CEDEAO, incluindo a sua proposta sobre “como encontrar um roteiro consensual para a realização de eleições inclusivas e pacíficas em 2025”.

Numa entrevista à Jeune Afrique, Umaro Sissoco Embaló é mais preciso e reconheceu que deu aos delegados da missão da CEDEAO um prazo de 24 horas para deixarem o país, avançando justificações já contestadas pelo embaixador Bagudu Hirse, que chefiava a missão da CEDEAO.

Deputado da CEDEAO denuncia golpe Constitucional

O Deputado Pan-africano, o Senegalês Guy Marius Sagna criticou de novo a postura da CEDEAO relativamente a uma resolução de crise política na Guiné-Bissau.

“A situação na Guiné-Bissau é extremamente terrível. Eu tinha avisado o Parlamento da CEDEAO em 2024”, escreveu na sua rede social Facebook este domingo, 2 de Março, o deputado do parlamento da CEDEAO.

Guy Marius Sagna lembrou que “o mandato de Embalo termina em 27 de Fevereiro de 2025” e critica a CEDEAO por ser “tão complacente com o Embalo”.

Para o deputado pan-africano “até agora é a CEDEAO dos chefes de estado e não a CEDEAO dos povos”, a denunciou um “golpe constitucional em curso na Guiné-Bissau”.

Frente Popular diz que atitude de Sissoco não engaja o povo

O Movimento Cívico Frente Popular repudia o que considera da “impostura de Sissoco Embaló de ameaçar a expulsão da delegação da CEDEAO/ONU, numa operação de desespero com o término do mandato”, e garantiu aos parceiros da CEDEAO e Nações Unidas que “essa atitude impostora [do presidente cessante] não engaja o povo guineense”.

A posição da Frente Popular foi expressa num comunicado à Imprensa tornado público esta segunda-feira, 3 de Março, no qual a organização reiterou que “no dia 27 de Fevereiro último, o mandato presidencial de Umaro Sissoco Embaló terminou, tendo o país entrado num período de interinidade, à luz da Constituição da República”.

Para o movimento cívico, “Sissoco tentou condicionar a agenda da missão conjunta de bons ofícios da CEDEAO/ONU, que se encontrava no país para facilitar o diálogo em torno do calendário eleitoral, através de interferências directas, seleccionando com quem a delegação de alto nível devia encontrar-se e com quem não devia. Fracassado o seu intento, o homem mergulhou no oceano de frustração e recorreu ao teatro de sempre, com ameaça aos emissários da CEDEAO e Nações Unidas”.

A Frente Popular encoraja a CEDEAO “a prosseguir com celeridade e pragmatismo os seus esforços de facilitação de diálogo político na Guiné-Bissau, aplicando, sem complacência, os dispositivos do seu Protocolo de Democracia e Boa Governação, por forma a travar o plano de golpe constitucional de Embaló, em prol da credibilidade da organização”.

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