A manifestação dos apoiantes do regime é convocada pela Plataforma “Firkidja di Povo” (Forquilha do povo), que se mostrou contrária à decisão de um juiz do Tribunal da Relação que libertou dois ex-governantes detidos preventivamente, durante mais de seis meses, acusados de corrupção.
“Vamos manifestar a nossa indignação pela decisão do juiz que libertou os senhores Suleimane Seidi e António Monteiro que roubaram no Tesouro Público seis mil milhões de francos CFA”, cerca de nove milhões de euros, afirma o grupo numa comunicação nas redes sociais, numa referência à acusação de pagamentos indevidos de dívidas do Estado a empresários feita aos ex-governantes.
A manifestação deste grupo está prevista para começar às 08:00 da manhã de sábado e vai partir da localidade da Chapa, em Bissau, até ao clube desportivo da UDIB, no centro da capital guineense.
Este grupo apela ainda aos guineenses para apoiarem o Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, nas próximas eleições para o seu segundo mandato.
“Apelamos à participação do povo guineense na nossa manifestação pacífica contra a corrupção e delapidação do erário público”, refere ainda a Plataforma “Firkidja di Povo”.
Também na sua página numa rede social, a Frente Popular, uma plataforma que junta grupos de mulheres, de jovens e de sindicatos, anuncia para sábado uma “manifestação pacífica em todo o país e na diáspora” (estando já marcada uma concentração em Lisboa) contra a dissolução do parlamento e a manutenção da direção da Comissão Nacional de Eleições, cujo mandato consideram já ter caducado.
A Frente Popular, que tem como objetivo “salvar a democracia” que diz estar ameaçada na Guiné-Bissau, vai-se manifestar em Bissau para exigir a realização de eleições no Supremo Tribunal de Justiça, que afirma “estar capturado pelo Presidente da República” e ainda a marcação da data das eleições presidenciais ainda este ano.
O Presidente guineense tem afirmado, por várias vezes, que as eleições presidenciais só terão lugar em 2025, uma posição contrariada por várias organizações da sociedade civil e partidos políticos que advogam que o escrutínio deve ser realizado em 2024, já que tem de acontecer antes do fim do atual mandato de Sissoco Embaló, que ocorre em fevereiro de 2025.
A Frente Popular organizou, no passado mês de maio, um pouco por toda a Guiné-Bissau manifestações contra o regime no país, tendo cerca de 100 dos seus ativistas sido detidos pela polícia na 2.ª Esquadra de Bissau, durante 10 dias.
O grupo acusa o Ministério do Interior de não receber a sua carta de comunicação da manifestação que pretende realizar no sábado, dia 27, mas mesmo assim promete sair à rua a partir do bairro da Ajuda, nos arredores da capital guineense, até às imediações da Assembleia Nacional Popular.
A Plataforma “Firkidja di Povo” avisa que “vai dar uma resposta dura” à manifestação “do outro grupo”.
MB // MLL
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