Luís Barreiros | Lifestyle como protagonista no esporte

No universo do marketing esportivo, é cada vez mais latente que o esporte transcende a simples prática física ou competitiva. Modalidades como skate, basquete, surfe, corrida e beach tennis têm se destacado por criar um sentimento de comunidade e se firmar como um estilo de vida.

O surgimento e consolidação de ídolos como os brasileiros Rayssa Leal (skate) e Filipe Toledo (surfe), embaixadores de um total de 29 marcas rumo a Paris 2024, é um fator determinante nesse cenário, mas não o único. 

Essa conexão é reforçada pela nova dinâmica de consumo de conteúdo, em que pessoas comuns e praticantes amadores, por meio das redes sociais, compartilham suas experiências e se tornam influenciadoras. Essas figuras tornam-se embaixadores de um estilo de vida. Eles personificam a cultura e os valores associados aos seus esportes, criando uma conexão com o público e tendo a atenção das marcas, que encontram novos caminhos para se comunicar com os fãs.

Dados recentes mostram um aumento significativo no consumo das modalidades que se enquadram nesse perfil. Segundo a World Surf League, a audiência global dos eventos de surfe cresceu 25% nos últimos 3 anos, com a etapa de Saquarema atraindo mais de 500 mil espectadores em 2023. 

No caso do skate, a popularidade de Rayssa Leal, que aos 16 anos acumula mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais, reflete o crescente interesse pelo esporte. O mercado de produtos relacionados ao skate, incluindo roupas e acessórios, registrou um aumento de 30% nas vendas nos últimos dois anos, conforme dados da Market Watch.

A corrida é outro exemplo de modalidade que se transformou em estilo de vida. Maratonas e corridas de rua se tornaram eventos sociais, com milhares de participantes que muitas vezes não têm o objetivo de vencer, mas de se sentir pertencentes àquele espaço. A moda esportiva também desempenha um papel crucial, tornando-se um símbolo de status e de pertencimento.

O tênis de praia também experimenta um crescimento expressivo. A Associação Internacional de Beach Tennis reportou um aumento de 40% no número de praticantes globais de 2020 a 2023, impulsionado por eventos de grande porte e pela popularidade crescente do esporte em países como Brasil. São Paulo tem arenas dedicadas à modalidade, como a Arena BTG, e rende, inclusive, memes na internet com o genial influenciador Fausto Carvalho, intérprete do personagem “Jorginho” e do estilo de vida atrelado à prática da modalidade.

Trazendo para a realidade brasileira, 2 exemplos notáveis desse fenômeno são a WSL (World Surf League), realizado em junho em Saquarema, e a NBA House, que conquistou São Paulo recentemente com sua edição 2024. Esses eventos exemplificam como o lado competitivo pode se tornar secundário em relação à experiência de lifestyle que proporcionam. 

No WSL, a competição de surfe é “apenas” uma parte da atração e vai caindo no gosto do público de forma orgânica. O evento em si é um ponto de encontro para um público diverso, que vai para vivenciar o ambiente, a cultura e a música que o cercam.

O basquete, sem dúvida, é um dos esportes que mais se conectam com a cultura fora do esporte. A NBA House, sediada em São Paulo, foi um sucesso de público. Com uma programação diversa, ofereceu uma experiência imersiva que foi além das quadras, transformando-se em um evento social muito disputado. As pessoas foram para se sentir parte do hype.

Esse movimento, que já deixou de ser tendência (de transformar o esporte em uma experiência), é essencial para o crescimento (ou manutenção) e a popularização de modalidades nos tempos atuais. A criação de uma comunidade autêntica em torno desses esportes não só atrai novos praticantes como também cria uma base de fãs dedicada e apaixonada.

Ao focar em criar uma experiência completa e envolvente, portanto, as organizações, atletas e marcas conseguem atrair um público diversificado e engajado. Essa abordagem contribui para um consumo sustentável e contínuo, fortalecendo a posição dessas modalidades no cenário esportivo global.