Voluntariado: Miguel Silva vai para Cabo Verde, onde «o essencial é mesmo estar ao serviço da comunidade»

Pastoral Universitária de Braga promove 10.ª edição do Projeto de voluntariado internacional «Sementes»

Braga, 19 jul 2024 (Ecclesia) – Miguel Silva, aluno finalista do Mestrado em Biofísica e Bionanossistemas, na Universidade do Minho, vai partir em missão, este sábado, para “estar ao serviço da comunidade” da Calheta, na Ilha cabo-verdiana de Santiago, durante um mês.

“Nós vamos numa missão de voluntariado, com a duração de um mês, o objetivo é estar um bocadinho como eles. Nós sabemos que hoje em dia estamos muito agarrados aos telemóveis, e às tecnologias, e vamos um mês estar ao serviço da comunidade. O essencial é mesmo esse, estar ao serviço da comunidade”, disse o jovem de 22 anos, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A Pastoral Universitária da Arquidiocese de Braga promove, neste verão, nos meses de julho e agosto, a 10.ª edição do Projeto ‘Sementes’: 11 universitários, quatros coordenadoras, participam nesta iniciativa de voluntariado internacional, neste ano de 2024 vão fazer missão em três comunidades da ilha de Santiago, em Cabo Verde.

O grupo de Miguel Silva, com mais voluntárias e a coordenadora, vai para a comunidade da Calheta, este sábado, dia 20 de julho, onde, durante um mês, vão estar com “crianças, jovens e adultos” e dinamizar projetos que passam pela educação, disciplinas “português básico, matemática simples”, ao grupo dos jovens e recém-adultos vão falar, “por exemplo, reciclagem, educação sexual, coisas um bocadinho mais avançadas”, e com os mais idosos, “alguns rastreios, desde diabetes à tensão, informações sobre saúde”, e ajudar a combater a “solidão”.

Este grupo de cinco voluntários tem conhecimentos em diversas áreas do saber, o jovem entrevistado é de Ciências, aluno de Mestrado em Biofísica e Bionanossistemas, na Universidade do Minho, uma das voluntárias está num Mestrado de Ensino da Matemática, outra está Educação Básica, e a coordenadora da área da ciência e da Engenharia.

Miguel Silva adianta que tiveram formação para alguns destes serviços mais específicos que vão fazer, como da área da saúde, e destaca a formação realizada “ao longo dos últimos nove meses”, desse setembro, promovida pela Pastoral Universitária da Arquidiocese de Braga para saberem “lidar com certas situações” na missão, para “um crescimento pessoal que faça perceber e compreender algumas das dificuldades” que possam ter lá.

“É fundamental neste caminho, esta formação que temos semanal, ao longo destes meses, por exemplo, uma das atividades que até é recorrente, os coordenadores dão-nos a um papel, imaginamos uma situação: ‘como é que devemos atuar? O que é que devemos fazer?’ E nós discutimos em grupo, e isso é ótimo para nos pôr todos na mesma base, como agir perante uma situação que são situações que já aconteceram nos anos anteriores, que não são impossíveis de acontecer”, desenvolveu o voluntário do Projeto ‘Sementes’, que, em 10 anos, levou mais de 250 jovens universitários em missão.

Deslocado em Braga, o estudante natural de Lousada está no último ano de mestrado e no quinto ano como voluntário, o primeiro em que teve “mesmo oportunidade de fazer voluntariado internacional”.

Neste contexto, lembrou também que a Pastoral Universitária promove voluntariado local, onde, no seu caso, ao longo dos últimos cinco esteve numa instituição com crianças e jovens, ‘O Mais Horizonte’, no Projeto ‘Homem’, especializado no acompanhamento de pessoas com comportamentos aditivos e dependência, onde também foi coordenador, e na Casa de Saúde Bom Jesus, com mulheres com “doença do foro mental”.

Miguel Silva integrou os projetos do Departamento da Pastoral Universitária da Arquidiocese de Braga com 17 anos, “quando estava a entrar para a universidade”, mas não sabia bem o que era ser voluntário, “porque tinha uma ideia muito reduzida do voluntariado, não sabia que abrangia tantas áreas”, e, ao longo de cinco anos, nos vários projetos, levou “um choque de realidade”, por causa dos “preconceitos” que existem, por exemplo com as pessoas que vão para o Projeto Homem ou para a Casa de Saúde.

“Depois, ganhei aquele gostinho, porque é o que toda a gente diz: ‘nós recebemos muito mais do que o que damos’, e é muito verdade; Eu quero continuar a ser voluntário, quero continuar a dar duas horas da minha semana, ou uma hora, que é muito pouco, mas é uma horinha e aquelas pessoas na semana seguinte perguntam, ‘quando é que os eles voltam’”, explica.

CB/OC

 

No último sábado, a Pastoral Universitária da Arquidiocese de Braga despediu-se do padre Eduardo Duque, com uma homenagem ao sacerdote que deixa este departamento do Ensino Superior após “17 anos de serviço”.

Miguel Silva, ligado a este departamento há 5 anos, destaca “a caminhada e a jornada que o padre Duque fez nesta casa, o Centro Pastoral e Universitário, e com os jovens”, salientando que na sessão participaram “imensos jovem e recém-licenciados, alguns já no doutoramento, e também mais velhos”.

“A confiança e a boa imagem que o padre Duque deixa nestas pessoas é de destacar; Eu entrei muito novo para cá, conheço o padre Duque, desde os 17 anos, e sempre foi uma pessoa que não teve medo de apostar em nós, porque na pastoral nós somos os próprios coordenadores dos projetos de voluntariado”, realçou, sobre “uma responsabilidade que, normalmente, os jovens não estão habituados a ter”.

“Ele convida-nos para ser coordenadores e nós aceitamos, ganhámos aquela responsabilidade que nos faz crescer imenso como pessoa, mesmo os voluntários têm a responsabilidade de ir duas horas por semana e as pessoas não falham”, acrescentou, salientando a disponibilidade do sacerdote para estar na retaguarda e ajudar.

O primeiro grupo de voluntários foi enviado no dia 8 de julho.

A Missa de Envio das ‘Sementes 2024’ realizou-se no dia 22 de junho, presidida pelo padre Eduardo Duque, o fundador do projeto missionário, e para Miguel Silva, deste projeto destacam-se “as palavras entrega e compromisso, das pessoas”.

“É um projeto exigente, exige-nos estar em reuniões semanais, de preparação de muita atividade, por causa das angariações de fundos que temos ao longo do projeto, para ajudar a combater os custos do voluntário. Neste grupo, e em todos, o que eu tenho visto é o compromisso e a entrega das pessoas com o projeto, com as pessoas,  com o grupo, com os coordenadores”, salientou o jovem missionário, que viaja para Cabo Verde este sábado.

Quando regressar de missão e terminar os estudos, o estudante universitário, se puder, quer “continuar a caminhar com a Pastoral Universitária “principalmente na área do voluntariado seja aqui, seja um dos projetos novos”, e tem a certeza que vai “querer ter sempre um bocadinho de tempo para ajudar”.

“Um bocadinho de mim que acho que é isso que aquelas pessoas e as instituições nos pedem, uma hora ou duas do nosso tempo por semana, isso faz aqui a uma diferença, quando uma pessoa está lá percebe”, concluiu.

 

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