No Pantanal, água do Rio Paraguai atinge o nível mais baixo em quase 60 anos | Jornal Nacional

No Pantanal, água do Rio Paraguai atinge o nível mais baixo em quase 60 anos

O principal rio do Pantanal está com o nível mais baixo em quase 60 anos.

O ribeirinho é o primeiro a perceber a seca do gigante Rio Paraguai.

“Agora está com dois anos que ele já não enche o suficiente. Ano passado ainda pescamos lá, mas esse ano, nós não entramos lá, não”, conta o pescador Ramon Ribeiro.

O Rio Paraguai atravessa os territórios do Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia. É o principal rio do Pantanal, mas tem registrado níveis baixíssimos desde o início de 2024. Em Cáceres, no oeste de Mato Grosso, ele recuou para 73 cm. A mínima histórica, em 59 anos, tinha sido de 80 cm. Em Mato Grosso do Sul, a situação não é diferente: 76 cm de lâmina d’água. Em 2023, superava os 4 m.

A estiagem deixa à mostra o leito dos corixos – áreas que, normalmente, ficam alagadas no Pantanal.

“Um déficit de chuva de aproximadamente 30% de chuva abaixo do esperado para esse período do ano. A tendência é realmente que, daqui, de hoje, até outubro, os níveis continuem baixando. É uma época de estiagem na região. A chuva só volta a começar em outubro. Então, esses níveis que estão baixos devem continuar baixando até outubro no mínimo”, explica Artur Matos, coordenador do Sistema de Alerta SGB.

Em um ponto do Rio Paraguai, a distância entre uma margem e outra é de cerca de 100 m. Hoje, no meio do canal de navegação, nenhuma grande embarcação consegue passar por causa dos grandes bancos de areia que se formaram. A água não passa nem do joelho.

O Dnit emitiu um alerta de 13 pontos críticos para a navegação. Barcos mudaram o ponto de embarque e os turistas precisam percorrer mais de 80 km por estrada de terra.

“É a primeira vez que a gente embarcou aqui. A gente sempre embarcava em Cáceres e, às vezes, a gente ia para Corumbá. Mas, na maioria das vezes, a gente vai para Cáceres”, conta o empresário Márcio Inocêncio de Oliveira.

Na água, o cuidado deve ser ainda maior para seguir as sinalizações da Marinha.

“As embarcações maiores, que têm o pessoal habilitado para conduzir, elas devem, antes da navegação, ter um planejamento e verificar se a profundidade do local onde vai ser navegado está compatível com o que a gente chama de calado, que é a parte da embarcação que fica para baixo da água”, afirma capitão de fragata Henrique de Sá, da Marinha do Brasil.

“Antigamente, nós tínhamos períodos de seca e cheia bem definidos no Pantanal. A partir de outubro, a gente já tinha as primeiras chuvas que iam findar lá nas águas de março, no final de março. E, então, a gente tinha um ambiente húmido e com bastante água. O que a gente tem percebido de 20 anos para cá é que o Pantanal perdeu, aproximadamente, 20% de água no período seco. Ou seja, uma seca severa. E a gente está caminhando cada vez mais, perdendo mais e mais água”, diz Dereck Victor de Souza Campos, biólogo da Universidade Estadual de Mato Grosso.

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