Por vezes anquilosado em fórmulas televisivas ou em registos que se limitam a filmar guiões, sem um perfil cinematográfico identitário, do que não se pode acusar o cinema francês é da falta de diversidade.
É curioso, nesse sentido, o percurso de “Ama Gloria”, título original vertido para português, compreende-se bem, como “A Ama de Cabo Verde”. É que não só uma parte das personagens, da história e da própria ação se desenrola naquele país africano, com uma história e uma cultura tão ligadas, para o bem e para o mal, a Portugal, como a sua realizadora, Marie Amachoukeli-Barsacq tem ela própria raízes georgianas.
Realizadora e argumentista, a autora do filme tem como excelentes cartões de visita o facto de ter corealizado “Party Girl”, que em 2014 venceu a Caméra d’Or de Cannes, que premeia uma primeira obra, ou a assinatura do argumento do também notável “Os Filhos de Ramsés”, que tivemos oportunidade de ver entre nós.
Para este segundo filme, a realizadora concentrou-se no universo infantil, contando-nos a história de Cléo, uma garota francesa bastante apegada à sua ama cabo-verdiana. Quando esta se vê obrigada a regressar ao seu país, para estar com os filhos, convida Cléo e a mãe para um último verão juntos, na sua ilha…
Conhecendo talvez melhor Cabo Verde do que a própria realizadora, antes de se abalançar a este projeto, não se pode negar algum efeito de bilhete-postal ou de clichés associados à cultura cabo-verdiana, a começar pela música de Cesária Évora. Sabendo do impacto da mítica cantora em França, seria no entanto difícil ignorá-la.
Com uma jovem Louise Mauroy-Panzani bastante carismática e a presença da atriz cabo-verdiana, radicada em França, Ilça Moeno Zego, “A Ama de Cabo Verde” é ao mesmo tempo um encontro de culturas e um olhar delicado e encantado sobre a infância.
Crédito: Link de origem
Comentários estão fechados.