Fuga de quadros sem fim em São Tomé e Príncipe

Sindicatos dos setores da saúde e da educação são-tomenses admitem que a fuga massiva de quadros vai continuar se não forem adotadas medidas para a melhoria dos salários e condições de trabalho.

No ano passado, centenas de professores, enfermeiros, médicos e técnicos da saúde e de outros setores abandonaram a carreira em busca de melhores condições de vida em Portugal.

O único deputado pelo ciclo da Europa, Jozino da Veiga, diz seguir com preocupação a avalanche de quadros técnicos que chega semanalmente a Portugal.

“Em São Tomé há um ditado que diz que a casa não aperta para a família, mas muitos aqui já não estão a suportar. Conheço uma jovem que aluga uma cama por 150 euros porque já nem existem quartos para alugar”, disse aquele parlamentar.

Veiga sublinha que “a maioria dos técnicos são-tomenses que emigrou para Europa transformou-se em mão de obra não qualificada, porque não encontrou emprego na sua área de formação.

Em São Tomé ePríncipe, sindicatos de vários setores dizem que a fuga massiva de quadros vai continuar se não houver melhoria salarial e de condições de trabalho no arquipélago.

“Muitos professores estão preparados para abandonar o ensino, por isso decidimos falar com o Ministério da Educação no sentido de discutirmos uma nova proposta de aumento salarial para evitar a saída dos docentes”, revela o professor Adilson Boa Esperança, líder de um dos sindicatos da educação.

No setor da saúde, o técnico do laboratório do Hospital Ayres de Menezes, Ramon dos Prazeres, alerta para o colapso do sistema devido à saída massiva de enfermeiros, médicos e técnicos de saúde.

“Se quando não havia esta situação já tínhamos dificuldades no atendimento dos pacientes, agora é pior. Basta vir ao banco de urgência para constatar a aflição dos profissionais devido à falta de mão-de obra”, afirma o antigo líder do Sindicato dos Enfermeiros e Técnicos da Saúde.

Para o analista político Liberato Moniz só uma restruturação da grelha salarial pode travar o fluxo migratório de quadros são-tomenses para a Europa.

“Não há condições para aumentar a massa salarial. A única solução é reestruturar a grelha retirando um pouco de quem ganha muito para dar aos técnicos que têm quase nada, caso contrário as pessoas vão continuar a sair para aventurar em Portugal”, concluiu Moniz.

Sindicatos do setor da educação entregaram recentemente ao Governo um caderno reivindicativo no qual exigem a melhoria de condições de trabalho e o aumento de subsídios de deslocação, entre outras exigências.

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