As eleições presidenciais da Venezuela realizam-se a 28 de julho. Líder da oposição escolheu novo candidato – e aparece mais nas ações de campanha do que ele.
Edmundo Gonzaléz Urrutia tem 74 anos e foi embaixador da Venezuela na Argélia entre 1991 e 1993, e na Argentina nos primeiros anos do governo de Hugo Chávez. Considerado um candidato discreto e com poucas propostas além de uma aproximação do país aos EUA, foi acusado pelos chavistas de ser um “pião” de Maria Corina Machado devido à enorme presença da mesma nas ações de campanha – mais do que o próprio candidato.
Urrutia já deixou claro que “as eleições na Venezuela não são justas, nem limpas, nem equitativas”: “O governo utiliza todos os meios oficiais para fazer proselitismo e grandes reportagens televisivas sobre o candidato oficial. Nós nunca teremos a mesma oportunidade e isso já demonstra o desequilíbrio. Mas vamos ganhar”, disse ao canal britânico BBC.
Maria Corina Machado tem a mesma esperança. No estado venezuelano de Mérida, em março, Machado afirmou: “Este regime já está derrotado. Os nossos filhos vão voltar à Venezuela, vamos reunir de novo os nossos familiares e reconstruir o nosso país. Não tenham dúvidas, vamos ganhar.” A engenheira industrial de 56 anos tem os seus três filhos emigrados. “Tirei-os do país porque recebi ameaças de morte”, contou ao jornal El País. Segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, existem cerca de 7,7 milhões de imigrantes oriundos da Venezuela espalhados pelo mundo.
Após ganhar as eleições primárias em outubro de 2023 que a tornaram líder da oposição, Machado avançou que a sua meta era remover Maduro do poder através de eleições pacíficas, justas e competitivas. As de 2023 foram as primeiras eleições primárias no país desde 2012 e resultaram de um esforço conjunto de vários membros da oposição que apoiavam Corina Machado. Agora, esse apoio passa para Edmundo Gonzaléz Urrutia.
O que quer a oposição?
Machado é filha do empresário Enrique Machado Zuloaga, fundador da Sivensa, uma das maiores empresas de fabrico de aço venezuelanas nacionalizada em 2010 por ordem de Hugo Chávez.
Maria Corina Machado assume-se como uma liberal com preocupações sociais e recusa a etiqueta de “extrema-direita” que os apoiantes de Chávez lhe colocam. Sempre foi interessada pela política e desde os 20 anos que assume um papel ativo na oposição. Em 2002, fundou a organização não-governamental Súmate para “monitorizar as eleições” na Venezuela e chegou a apoiar um golpe de Estado antes de se moderar.
Os principais objetivos de Machado passam por privatizar algumas das maiores empresas do país como a empresa estatal de petróleo PDVSA ou a empresa siderúrgica Sidor, reestruturar a dívida pública e procurar financiamento para a economia venezuelana junto do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Um grupo de investigadores apoiado pela ONU para investigar abusos contra os direitos humanos na Venezuela concluiu em setembro de 2023 que o governo liderado por Maduro tinha intensificado os esforços para limitar as liberdades democráticas antes das eleições de 2024. Esses esforços incluem a detenção, vigilância, ameaças, campanhas difamatórias e processos penais arbitrários contra políticos e defensores dos direitos humanos.
Apesar de as últimas pesquisas de opinião referirem que apenas 30% dos habitantes apoiam Maduro, as campanhas eleitorais tendem a envolver a captação do povo através de entregas de alimentos, eletrodomésticos e outros bens em nome dos candidatos do governo, a quem também é garantida uma cobertura favorável por parte dos meios de comunicação estatais.
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