O embaixador de Portugal na Venezuela, João Pedro Fins do Lago aproveitou as celebrações do Dia da Madeira em Caracas para falar da história, do presente, dos benefícios e dos direitos que o 25 de Abril trouxe, mas também para abordar o princípio de subsidariedade, o dever de votar, do ensino da língua e ainda da ligação directa entre Caracas e o Funchal.
Palavras proferidas no encerramento dos discursos que assinalaram a efeméride e depois de Rui Abreu, antigo director das Comunidades Madeirenses ter deixado uma mensagem vídeo aos convidados.
“Não há quem na Venezuela não reconheça o papel da comunidade madeirense neste país, mas também não há na Madeira quem não reconheça o papel que os emigrantes na Região”, salientou, frisando os muitos investimentos com origem na Venezuela, disse numa das declarações mais elogiadas da noite.
João Pedro Fins do Lago reconheceu que continuam a existir “necessidades específicas”, uma das quais é o pedido de uma ligação aérea directa da TAP entre Caracas e o Funchal, um objectivo concretizado no dia 13 de Junho que o próprio diplomata luso presenciou com “satisfação” mas fazendo votos que a “experiência perdure” mas com “tarifas acessíveis”, naquela que foi a nova programação aérea da transportadora portuguesa.
No domínio do ensino e da educação, e porque estava perante muitas centenas de pais e encarregados de educação, considerou que “já não desculpa para os portugueses não falarem a língua que é sua”, que é também a expressão maior da portugalidade, mas que “abre destinos e mercados de trabalho aos mais jovens”. Ora o embaixador lembrou a existência de vários pontos da Venezuela onde é possível apreender a língua, aliás, apontou que neste momento são “11 mil alunos” que aprendem o português na Venezuela, “muitos sem terem ligação a Portugal”.
Já em matéria de actos eleitorais e onde na Venezuela, votar é obrigatório, e em Portugal “votar é um direito mas também é um dever”, concluiu que “só tem direito opinião sobre a governação quem efectivamente exerce o direito de votar”, alertou ainda que saiba que os emigrantes fora da Região não podem votar para a eleição do governo regional.
O 25 de Abril veio inaugurar algo de muito importante, vincou, mencionado a autonomia política, administrativa ou a legislativa madeirense que tornou-se “decisiva para o desenvolvimento”, uma realidade com cinco décadas e que na sua opinião tem sido aprofundada através do “princípio da subsidariedade” entre as Regiões Autónomas e a República, “isto é, distribuído de forma pragmática as competências entre os órgãos nacionais e os regionais, decidindo em Lisboa o que é melhor a nível nacional, e decidindo o Funchal o que é melhor para a Região”.
Uma outra conquista que não teria sido possível sem a autonomia política que ocorreu logo depois ao 25 de Abril de 1974, foi a integração 10 anos depois de Portugal na União Europeia e também aqui realçou o papel fulcral do princípio da subsidariedade lembrando que por essa via a Madeira está representada no Comité das Regiões Periféricas onde cada uma faz-se ouvir em Bruxelas.
“Ninguém tem dúvidas sobre quanto a autonomia e a integração na União Europeia ajudaram o desenvolvimento económico e social da Madeira. Ter maior poder de decisão é uma grande vantagem para a Região porque as diferenças da sua insularidade são tidas em conta”, destacou tendo diante centenas de compatriotas. No entanto esta vantagem e os direitos conquistados aumentam responsabilidades, a mais importante das quais, disse, “é participarem activamente na governação democrática da Região”.
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