Pelo menos 61 mulheres assassinadas na Venezuela em quatro meses

“Durante os primeiros quatro meses do ano de 2024, contámos 61 possíveis feminicídios que foram relatados em vários meios de comunicação social”, explicou na sexta-feira a ONG, num relatório em que admite poder ter havido mais casos.

Os dados, referiu a ONG, foram recolhidos “mês a mês, de forma militante e voluntária” por ser importante “alertar sobre a urgência de implementar uma proposta concreta para combater o problema” e por ser “fundamental a elaboração de um Plano de Emergência Feminina para a prevenção, atenção e mitigação da violência de género contra mulheres, meninas e adolescentes”.

“Da mesma forma, vemos um elevado aumento de possíveis feminicídios [tentados], com um total de 22 casos, e um aumento de casos de mulheres migrantes, com um total de 11 feminicídios de mulheres venezuelanas no estrangeiro, especificamente na Colômbia, Equador, Peru, e Trinidad e Tobago”, explica.

No relatório, a Utopix sublinha que é imperativo dar visibilidade a esta realidade “e dar voz às mulheres, meninas e adolescentes assassinadas, exigindo uma ação urgente do Estado venezuelano e da sociedade em geral face ao aumento da violência, (…) denunciando a impunidade que muitas vezes protege os agressores”.

De acordo com a Utopix, em 2024 os feminicídios na Venezuela “aumentaram de maneira alarmante” para um em “cada 34 horas, em comparação com o ano de 2016, quando ocorria um (…) a cada 72 horas”.

“Em 2021, a média foi de um feminicídio a cada 36 horas; em 2022, um (…) a cada 37 horas e, em 2023, um (…) consumado a cada 44 horas e um [tentado] a cada 38 horas”, explica.

Os dados dão conta que em abril foram registados 18 feminicídios, com os estados de Falcón (noroeste) e Monágas (nordeste) no top da listagem com três feminicídios cada.

Seguem-se os estados de Arágua (centro–norte), Barinas (oeste), Cojedes (centro–oeste) e Miranda (norte), cada um com dois assassínos. Em Bolívar (sudeste), Carabobo, La Guaria (ambos no norte), Lara e Zúlia (ambos no oeste) registaram-se um homicídio em cada um desses estados.

A maioria das vítimas tinha entre 36 e 45 anos.

Em dois casos o feminicídio foi causado por asfixia, e em outro dois por armas de fogo. Em oito casos por armas brancas, em três casos por golpes, em um caso por violência ginecológica e em três feminicídios não foram divulgadas informações sobre o tipo de arma utilizada.

“De 18 vitimadores, nove estão na prisão, um morreu num acidente, um suicidou-se e em sete casos não há informações sobre a sua situação”, explicou a Utopix.

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