Detido dono de barco que naufragou em Moçambique

O dono da embarcação que naufragou no domingo, matando pelo menos 98 pessoas, na província de Nampula, norte de Moçambique, está detido, disse esta terça-feira à Lusa a porta-voz da polícia local.

Rosa Chaúque afirmou que também está detido um responsável pelo barco, uma pequena embarcação de pesca que operava naquela região. Os dois elementos “já tiveram atendimento médico e encontram-se, neste momento, sob custódia policial”, declarou a porta-voz.

No naufrágio morreram 98 pessoas, incluindo 55 crianças, 34 mulheres e nove homens, tendo sobrevivido 16 pessoas, entre os quais os dois elementos.

De acordo com as autoridades marítimas moçambicanas, a embarcação de pesca não estava autorizada a transportar passageiros nem tinha condições para o efeito e as pessoas que transportava fugiam a um surto de cólera no continente, com destino à Ilha de Moçambique, tendo o naufrágio acontecido a cerca de 100 metros da costa.

O Governo moçambicano anunciou que se vai reunir esta terça-feira para discutir medidas.

“O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, recebeu com profunda tristeza a notícia do naufrágio de uma embarcação que saía do posto administrativo de Lungo, no distrito de Mossuril, com destino a Nacala”, lê-se num comunicado divulgado na segunda-feira pela Presidência da República.

Origem da tragédia

O chefe do Estado enviou uma delegação governamental, liderada pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, para prestar “ajuda aos sobreviventes, e seu encaminhamento, assim como para a investigação, a fim de se aferir as razões que deram origem a esta tragédia”, acrescentou.

“Importa referir que, logo após o chefe do Estado ter tomado conhecimento desta tragédia, orientou as entidades provinciais a diversos níveis para mobilizar equipas de salvamento e de análise da situação. Mediante esta tragédia, o Governo moçambicano reunir-se-á amanhã [terça-feira] para avaliar a situação e tomar medidas necessárias para minimizar o impacto deste incidente”, refere-se no comunicado.

O ministro dos Transportes e Comunicações moçambicano anunciou na segunda-feira, num encontro multissetorial em Nampula para analisar o caso, que as autoridades estão a fazer uma “reflexão” sobre este naufrágio, para “que isto nunca volte a acontecer”.

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“Reflexão sobre o que aconteceu, o que não deve acontecer e como é que nos vamos posicionar daqui para a frente, para que o aconteceu não volte a acontecer. Estamos todos aqui para fazer essa reflexão”, afirmou Magala.

É necessário “trocar impressões sobre o que aconteceu e não deve acontecer daqui para a frente”, insistiu o governante, depois de manifestar solidariedade às famílias das vítimas do acidente.

O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, oposição), Ossufo Momade, também se mostrou “profundamente consternado” com o naufrágio e pediu luto nacional.

“Exigimos que o Governo decrete luto nacional e que este momento seja reconhecido pelas autoridades como mais um sinal de negligência e falta de segurança públicas”, escreveu Ossufo Momade, na sua conta oficial na rede social Facebook.

“Ficámos bastante comovidos e preocupados ao saber que a embarcação em causa é de pesca e não estava vocacionada para o transporte de pessoas o que nos leva a uma reflexão sobre a necessidade da segurança marítima”, acrescentou o líder do maior partido da oposição.

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