O Ministério do Poder Popular de Energia Elétrica (MPPEE) da Venezuela anunciou uma medida para controlar a demanda energética no país: o desligamento de todas as mineradoras de criptomoedas do Sistema Elétrico Nacional (SEN). A decisão foi comunicada na última sexta-feira (17) através da conta oficial do ministério no Instagram.
“O objetivo é desconectar do SEN todas as mineradoras de criptomoedas no país, evitando o alto impacto na demanda, o que permite continuar oferecendo um serviço eficiente e confiável a todo o povo venezuelano”, declarou o MPPEE.
A decisão surge após a apreensão de cerca de 2.000 máquinas de mineração de criptomoedas em Maracay, no estado de Aragua, a aproximadamente 120 quilômetros ao sudoeste de Caracas, e faz parte de uma operação mais ampla contra a corrupção, que começou no ano passado e resultou na prisão de dezenas de funcionários da Petróleos de Venezuela (PDVSA), da Superintendência Nacional de Criptoativos (Sunacrip) e de outras instituições estatais.
Venezuela manda desligar mineradoras de Bitcoin
Desde o ano passado, a Sunacrip está sob controle de uma junta reestruturadora após a prisão do superintendente Joselit Ramírez, ligado ao ex-ministro de Petróleo e ex-presidente da PDVSA, Tareck El Aissami.
Ele foi preso no mês passado e imputado pelos crimes de traição à pátria, apropriação de patrimônio público, uso de relações ou influências, legitimação de capitais e associação criminosa.
Rafael Lacava, governador do estado de Carabobo, apoiou a medida afirmando que as mineradoras de criptomoedas consomem uma grande quantidade de megawatts, resultando em racionamentos elétricos.
“Se você, vizinho, conhece uma casa que minera criptomoedas, diga à pessoa para desligá-la ou informe às autoridades. Quando a luz é cortada para que alguém ganhe dinheiro, você fica sem serviço elétrico”, declarou Lacava.
A crise elétrica na Venezuela se arrasta desde 2009, agravando-se em 2019 com apagões que deixaram várias cidades sem eletricidade por até sete dias. As constantes falhas no serviço têm prejudicado a qualidade de vida dos cidadãos e a economia do país.
Especialistas apontam a falta de manutenção e investimento no sistema como as principais causas da crise, enquanto o governo atribui parte dos problemas a atos de sabotagem e promete modernizar a rede elétrica estatal.
O Observatório Venezuelano de Conflitividade Social (OVCS) registrou 219 protestos no primeiro trimestre deste ano devido aos frequentes e prolongados cortes elétricos.
A medida de desligar mineradoras de criptomoedas visa aliviar a pressão sobre o sistema elétrico e melhorar a distribuição de energia para a população.
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