“Antes, tínhamos apenas um fiscal (…), hoje temos cinco”, avançou Fahara Luís, administradora marítima da Ilha de Moçambique, província de Nampula, no término do trabalho da comissão de inquérito sobre o acidente que matou 98 pessoas, incluindo 55 crianças, 34 mulheres e nove homens, havendo registo de 16 sobreviventes.
As autoridades moçambicanas divulgaram na altura que a embarcação de pesca não estava autorizada a transportar passageiros nem tinha condições para o efeito.
Segundo a administradora, o reforço de fiscalização localmente visa “evitar que as pessoas se façam às embarcações superlotadas e sem coletes”.
A comissão de inquérito criada pelo Governo para apurar as causas do naufrágio do barco de pesca, em 07 de abril, quando transportava 130 pessoas com destino à Ilha de Moçambique, que fugiam a um não confirmado surto de cólera no posto administrativo de Lunga, distrito de Mossuril, já concluiu os trabalhos, mas Fahara Luís remeteu mais informações sobre as conclusões para o Instituto Nacional do Mar.
O Governo moçambicano anunciou em 23 de abril que a comissão de inquérito a este naufrágio deveria divulgar as conclusões sobre o incidente e medidas a tomar nos 15 dias seguintes.
“Nos próximos 10, 15 dias penso que nós teremos uma informação muito mais consentânea sobre efetivamente o que é que concorreu para que o acidente ocorresse, mas também o que é que se vai fazer para minimizar aquela situação e, naturalmente, outras situações”, disse na ocasião o porta-voz da reunião do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, após a sessão ordinária daquele órgão.
“O relatório deve aparecer com medidas concretas sobre que ações o Governo vai efetivamente implementar para minorar o sofrimento, mas também melhorar as condições, sobretudo de informação e de funcionamento das diferentes fragilidades que foram identificadas por esta comissão”, acrescentou Inocêncio Impissa, questionado pelos jornalistas.
Afirmou ainda “que se pode avançar” que “foram medidas combinadas que fizeram com que o acidente ocorresse”: “A desinformação [sobre a cólera], sim. Mas não foi só a desinformação que concorreu para este incidente, inclusive até para as condições técnicas e mecânicas da própria embarcação, que foi levantado no processo. Mas eu penso que em sede própria, em momento oportuno, nos próximos 10, 15 dias, a comissão vai aparecer não só com o relatório exaustivo sobre o que terá acontecido, mas também sobre como é que o Governo vai resolver ou minimizar as situações vivenciadas pela população”.
O Governo moçambicano anunciou em 18 de abril a construção de uma estrada e uma ponte na zona do naufrágio, como forma de evitar o transporte de passageiros em barcos sem condições.
O Conselho de Ministros decretou, na altura, luto nacional de três dias, na sequência do acidente, com vários países parceiros de Moçambique a manifestarem solidariedade face à tragédia.
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