Antes de os eleitores confirmarem (ou não) as tendências das sondagens nas urnas, já é possível afirmar, com certeza, que o próximo Parlamento Europeu vai ser muito diferente do que é agora, com a saída de cena de uma série de “veteranos” das lides parlamentares, em quase todas as famílias políticas.
A 9.ª legislatura do Parlamento Europeu será a última para o eurodeputado checo Jan Zahradil, que em 2019 concorreu à presidência da Comissão Europeia como Spitzenkandidat do grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus. A despedida acontece depois de 20 anos e quatro mandatos consecutivos de “oposição ao federalismo”.
Fim de linha também para dois tribunos belgas que são das vozes mais influentes do hemiciclo: o liberal Guy Verhofstadt, antigo-primeiro-ministro e presidente da Aliança dos Liberais e Democratas da Europa durante mais de uma década; e o ecologista Philippe Lamberts, co-presidente da bancada dos Verdes desde 2014, saem de cena depois de três mandatos consecutivos.
Da delegação francesa saem, igualmente ao fim de 15 anos, Arnaud Danjean, membro dos Republicanos e especialista em matérias de segurança e defesa, e Karima Delli, a presidente da comissão de Transportes eleita pelos Verdes. O primeiro abandona o cargo desiludido; a segunda não parte de mote próprio, mas por decisão do partido.
O mesmo aconteceu a dois influentes eurodeputados italianos do Partido Democrático, Paolo De Castro, especialista em agricultura, e Irene Tinagli, presidente da comissão dos Assuntos Económicos.
A Itália e a França são dois dos países com mais candidatos novos ao Parlamento Europeu. Mas nenhuma delegação nacional vai mudar tão radicalmente como a de Portugal, onde a renovação no próximo mandato será quase total: nas listas de todos os partidos políticos, é difícil encontrar o nome de “repetentes”.
As excepções são Lídia Pereira e Vasco Becker-Weinberg, eurodeputados do PSD e CDS que agora concorrem pela Aliança Democrática; José Gusmão e Anabela Rodrigues, do Bloco de Esquerda; Sandra Pereira e João Pimenta Lopes, da CDU, e Francisco Assis do PS (que foi eurodeputado entre 2004 e 2009 e novamente de 2014 a 2019).
Se se confirmarem as projecções, só a social-democrata Lídia Pereira e o socialista Francisco Assis tomarão posse no próximo dia 16 de Julho. Na distribuição dos 21 mandatos de Portugal no Parlamento Europeu, o Europe Elects atribui oito ao PS, seis à AD, quatro ao Chega e um ao Bloco de Esquerda, um à CDU e um Iniciativa Liberal.
O que quer dizer que na próxima legislatura, a delegação portuguesa terá 19 membros a começar do zero – um potencial “handicap” na escolha das comissões onde se querem sentar, na eleição para cargos internos e na distribuição de relatórios. No Parlamento Europeu, a antiguidade conta mais do que a popularidade.
Em termos de rotatividade, a delegação da Alemanha é a mais “conservadora”, com mais de 60% dos actuais eurodeputados a terem a reeleição garantida.
Já em relação aos grupos parlamentares, o Partido Popular Europeu e os Socialistas & Democratas deverão substituir metade da actual bancada na próxima legislatura. Nos Verdes, só um terço dos eurodeputados serão estreantes.
Nas eleições de 9 de Junho, a percentagem de mulheres eleitas para o Parlamento Europeu deverá diminuir pela primeira vez desde 1979, para ficar abaixo dos actuais 40%. Também a percentagem de eurodeputados com menos de 40 anos de idade ficará abaixo da actual: deverão representar 16% do total. A parcela dos parlamentares com mais de 60 anos deverá permanecer idêntica, nos 18% do total.
Crédito: Link de origem
Comentários estão fechados.