Tempestade no sul de Moçambique afeta estradas, casas e edifícios públicos

A tempestade tropical severa “Filipo” atingiu na madrugada desta terça-feira a cidade de Vilankulo, sul de Moçambique, afetando centenas de casas e edifícios públicos, além de deixar várias estradas intransitáveis, relatou à Lusa o autarca local, Joaquim Quinito Vilanculos.

“Podemos estar a falar de centenas de casas afetadas, que ficaram sem coberturas, porque é lá nos bairros que a situação está mais complicada. Estamos a fazer o levantamento, mas também temos vários edifícios públicos afetados”, disse o presidente do conselho municipal de Vilankulo, província de Inhambane.

Como exemplo da destruição provocada pela tempestade, com chuva e vento fortes desde o início da noite de segunda-feira, o autarca aponta o caso do estádio municipal, que ficou sem cobertura e com as bancadas parcialmente destruídas.

“Era o único estádio que tínhamos. Mas também a sede distrital da Procuradoria-Geral da República ficou sem a cobertura, e outros edifícios. Ainda estamos no terreno, isto para não falar das vias, como a marginal, que está intransitável”, relatou ainda Joaquim Quinito Vilanculos.

“Estamos a precisar de apoio”, enfatizou, relatando que o mau tempo acalmou ao início da manhã desta terça-feira.

As autoridades moçambicanas estimam que cerca de 525 mil pessoas poderão ser afetadas pela tempestade tropical severa “Filipo”, que está a atingir o centro e sul de Moçambique, com ventos e chuvas fortes.

“Estima-se que cerca de 525.000 pessoas, 856 escolas e 145 unidades sanitárias sejam afetadas“, disse o porta-voz do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Paulo Tomás, durante uma conferência de imprensa conjunta, ao final do dia de segunda-feira, com o Instituto Nacional de Meteorologia e a Direção de Recursos Hídricos, em Maputo.

A tempestade tropical severa “Filipo” deverá atingir as províncias de Sofala, no centro de Moçambique, Inhambane, Gaza e Maputo, no sul do país, até quarta-feira, com ventos de 90 a 120 quilómetros por hora.

“Ao entrar no continente vai reduzir essa intensidade e vai passar para uma depressão tropical, dando muita chuva para as regiões indicadas”, referiu Manuel Francisco, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) de Moçambique, acrescentando que a tempestade vai atingir com maior intensidade o sul do país.

As autoridades moçambicanas alertaram ainda para a ocorrência de inundações e cheias urbanas que poderão condicionar a transitabilidade rodoviária, principalmente no interior das províncias de Gaza e Inhambane.

“Também há probabilidade maior de inundação de alguns campos agrícolas, sobretudo no baixo Incomáti e Limpopo e, por isso, queremos chamar atenção para os agricultores retirarem as suas máquinas das margens dos rios”, disse o chefe do departamento de bacias hidrográficas na Direção Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos (DNGRH), Agostinho Vilanculos.

O INGD, Inam e DNGRH apelaram para a tomada de medidas de precaução face ao mau tempo, referindo que já foram posicionados meios e equipas de busca e resgate, ‘kits’ de emergência, além de terem sido identificados e preparados locais seguros para o alojamento provisório das vítimas.

Pelo menos 115 pessoas morreram e outras 55.494 foram afetadas pelo mau tempo em Moçambique desde o início da época chuvosa e ciclónica 2023/2024, em outubro.

O país é considerado um dos mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

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