Venezuelanos vão às ruas para celebrar derrota de

Música, festa e um dia de sol bem quente. Foi assim que manifestantes de diferentes regiões da Venezuela se reuniram em Caracas neste sábado (13) para lembrar os 22 anos do golpe contra o ex-presidente Hugo Chávez. 

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O ato saiu da avenida Libertador e terminou no Palácio Miraflores, sede do governo venezuelano. Segundo o formador do Ministério das Comunas Thor Marques, um dos principais objetivos da manifestação é manter a memória daquele dia viva na lembrança dos venezuelanos:

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“Para nós, é uma bandeira: lembrar é não se esquecer. Principalmente em relação aos reais interesses da direita sobre o poder político da Venezuela. Depois de tanto tempo de trabalho revolucionário, ainda estamos sob ataque e essa marcha tem peso por mostrar a expeessão popular”, disse ao Brasil de Fato.

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Milhares de venezuelanos ocuparam o centro de Caracas e marcharam até o Palácio Miraflores / Lorenzo Santiago

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O ato reuniu milhares de chavistas que marcharam pela avenida Urdaneta, no centro da capital. Núcleos do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) de diferentes cidades venezuelanas, militares e militantes da milícia bolivariana – grupo formado em 2009 que complementa as Forças Armadas do país – caminharam com músicas que lembravam do dia em que Chávez retomou o poder depois de ser preso por militares insurgentes e pela oposição.

O cientista político David Gomez Rodrigues tinha apenas 12 anos quando o golpe aconteceu. Apesar de ser uma criança na época, ele afirma lembrar do quão “pesada” foi a campanha da mídia na época contra o governo.

“Esse momento deixou uma lição para nós em relação ao papel dos meios de comunicação. Foi o primeiro exercicio de fake news generalizada que para executar um golpe no país. Esse momento então acendeu uma luz para um novo discurso político em relação à comunicação. A partir daí, o processo revolucionário mudou a forma de participar nos jornais, rádios e televisões, se fez mais presente e fortaleceu a voz do povo nesses espaços”, afirma ao Brasil de Fato.



“Lembrar é não esquecer”, afirmaram manifestantes que celebravam derrota de golpe de 2002 / Lorenzo Santiago

Hoje com 34 anos, ele foi com sua família às ruas para lembrar o que considera um “marco” para o povo venezuelano. “Pela primeira vez na história da Venezuela e talvez da humanidade, o povo recupera um presidente por meio da mobilização popular em uma confluência cívico-militar que formou um projeto de país”, afirma.

Os discursos dos manifestantes também tinham um caráter geopolítico pelo contexto da disputa de narrativas em torno das eleições venezuelanas de 2024. Para o militante Jordan Molina, a mobilização em um dia histórico é importante para mostrar apoio ao “projeto anti-imperialista” do presidente Nicolás Maduro.

“Mesmo 22 anos depois temos que marchar contra a interferência estrangeira aqui. Naquele dia o interesse dos Estados Unidos estavam muito claros e, duas décadas depois, estamos lidando com o mesmo tipo de postura”, disse Molina.

Discurso de Maduro

Ao final da marcha, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ofereceu um discurso para apoiadores no Palácio do Miraflores. Ele defendeu a prisão perpétua para pessoas envolvidas em corrupção e que atentem contra o Estado. A declaração foi feita na semana em que o ex-ministro do Petróleo e ex-presidente da estatal petroleira Pdvsa, Tareck El Aissami, se tornou alvo de uma operação do Ministério Público que investiga desvios na empresa.

“Chegou a hora de fazermos uma reforma constitucional para introduzimos a pena de prisão perpétua para pessoas envolvidas em casos de corrupção e traição à Pátria”, disse Maduro no encerramento da marcha para lembrar os 22 anos do golpe contra o ex-presidente Hugo Chávez.

O MP disse ter produzido evidências que ligam o ex-ministro e outros envolvidos ao esquema de corrupção na estatal. El Aissami foi preso junto com o ex-ministro da Economia e ex-presidente do Fundo de Desenvolvimento Social, Simón Alejandro Zerpa, e o presidente do banco digital Bancamiga, Samark López Bello. Eles seriam responsáveis pelas operações financeiras do esquema.

No discurso deste sábado, Maduro voltou a falar dos “ataques externos” que seu governo sofre “a partir de sanções que prejudicam a economia” e de planos de atentado contra ele e  o Estado venezuelano. Sem citar o ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe, o chefe do Executivo da Venezuela disse que a população sabe que há pessoas que planejam atentado contra ele até no país vizinho.

Ele também disse que o povo apoia a “lei de defesa de Essequibo” aprovada pelo congresso e que determina a incorporação gradual do território que hoje faz parte da Guiana.

Com um público que lotou a parte de fora do Palácio Miraflores, Maduro focou também no golpe de 2002. Segundo ele, foi um momento em que o povo teve que enfrentar o “fascismo” para consolidar o projeto bolivariano. Ele também brincou com o período eleitoral venezuelano. “Hoje é um dia de falar de história, mas eu queria falar mais coisas. Não posso para não desrespeitar as leis eleitorais”, afirmou.

Edição: Lucas Estanislau


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